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Invasão nada surpreendente

Mário Machado

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As duras declarações de Vladimir Putin nas horas que antecederam a invasão russa ao território ucraniano pegaram muitos observadores casuais dos assuntos internacionais de surpresa pelo seu tom forte e pelo enfoque na identidade étnica que deslegitimaria a existência da Ucrânia como Estado-Nação independente.

O governo russo é fortemente influenciado pela doutrina do neo-eurasianismo que tem no influente cientista político e analista Alexander Dugin seu principal proponente. Em sua essência o neo-eurasianismo entende o mundo como um conflito entre terra e o mar, em outras palavras entre a potência militar do cento da Eurásia e a potência marítima, no caso os Estados Unidos da América. E que a Rússia deve expandir sua influência nas mega-regiões do mundo que são espaços civilizacionais que têm como base contextos étnicos.

Nessa visão de mundo os territórios ao redor da potência terrestre se tornam vitais e naturais pontos de embate, uma vez que essa teoria enxerga um mundo multipolar no qual as civilizações distintas para sobreviver devem resistir e criar alternativas para a chamada globalização liberal.

Isso explica a virulência com que o Estado russo reage a certas pautas sociais que considera ameaças existenciais como direitos civis para pessoas homossexuais ou qualquer forma de protesto mais ostensivo contra o governo.

No campo internacional, a consequência dessa ideologia é a percepção russa de que qualquer expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte – OTAN seria uma ameaça ao espaço russo e controlar os territórios próximos a suas fronteiras é uma questão existencial.

Desse modo, não reconhecer o estado ucraniano como “natural” é consequência de enxergar o controle do espaço da antiga União Soviética como natural e necessário diante do excepcionalíssimo russo.

Está o Ocidente pronto para pagar o preço de permitir que o Kremlin haja com impunidade? Assistiremos impassíveis a agressão na Ucrânia? A Rússia é um ator racional do sistema internacional e tem agido diante de uma agenda estratégica e o mundo deve entender que a percepção de ameaça existencial muda o preço que a Rússia está disposta a pagar.

 

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