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Perigosa Sedução Chinesa

Márcio Coimbra

Márcio Coimbra

Lula venceu pelo centro, mas começa a governar guiado pela ideologia. Esta tem sido a tônica mais preocupante dos últimos dias. A nuance mais clara deste movimento tem sido na esfera internacional. O Brasil já havia se calado diante dos brutais crimes cometidos por Ortega na Nicarágua, além de se reaproximar do regime de Maduro na Venezuela. Porém, a viagem a China e aproximação com a Rússia abalaram fortemente a imagem do Brasil no cenário internacional.

Depois de mostrar que temas como a democracia e o meio ambiente poderiam pautar um retorno do Brasil ao xadrez político externo, a guinada promovida pelo governo na China serviu para mostrar que os objetivos podem ser outros. Celso Amorim, assessor para assuntos internacionais de Lula, disse no início do governo, que o retorno de Lula ao poder representaria o retorno do “business as usual” e que o Brasil resgataria sua posição tradicional nas relações exteriores.

Para além disso, o Ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse em seu discurso de posse, que o país atuaria “sempre com respeito à soberania dos países e sem nunca perder de vista o compromisso universal com os direitos humanos e com a democracia”. Ao deixar de condenar Nicarágua e Venezuela, além de se aproximar de China e Rússia, o Brasil quebra esta promessa, trilhando um caminho antagônico ao prometido.

Na China, ao defender uma moeda comum para transações internacionais ou mesmo adotar o yuan no lugar do dólar, o discurso que merecia um tom equilibrado ao tratar de temas econômicos, assumiu coloração política desnecessária em um período de reconstrução de alianças. O Brasil acabou usando o palco de uma agenda internacional para ecoar uma mensagem de Pequim para mundo, colocando-se ao lado de Xi Jinping em provocação aos europeus e norte-americanos.

Porém, enquanto os Estados Unidos e Europa se comprometem com a democracia, os chineses constroem aeroportos, é o que dizem os beneficiários dos investimentos chineses e o Brasil entrou na fila para ser o destino deste capital. Recursos que servem para construção de pontes, passando pela instalação de montadoras de automóveis e inclusive rodovias e ferrovias. Porém, aquilo que soa como música para os políticos, vem acompanhado de um preço que pode ferir nossa integridade como nação.

Entre os mais de 15 instrumentos assinados entre as duas nações está o reconhecimento de Taiwan como parte da China. A ocupação da ilha, uma nação independente, destino daqueles que fugiram do regime de Mao Tse-Tung, segue no radar de Pequim, sendo prioridade na agenda de Xi Jinping. Ao reconhecer Taiwan como parte da China, o Brasil coloca combustível naquele que (depois da Ucrânia) é um potencial conflito anunciado.   

A sedução chinesa chega eivada de contrapartidas que ultrapassam muito a relação bilateral entre as duas nações e se desdobram por outros caminhos que podem levar ainda a maior instabilidade internacional. A China carrega um histórico de violações a democracia e aos Diretos Humanos como poucas nações, um passado e um presente que entra em confronto com nossa Constituição e nossos valores como nação. O Brasil precisa se posicionar de forma contundente diante destas violações, afinal nenhum investimento vale o silêncio diante de abusos humanitários de nações autoritárias, não importa de que espectro político estejam.         

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