O governo Lula está boicotando negócios de judeus? É urgente uma explicação clara

Madeleine Lacsko

Madeleine Lacsko

As declarações do ministro José Múcio Monteiro sobre o desrespeito aos resultados de licitações por questões ideológicas são, sem exagero, das mais graves que já ouvi em toda a minha trajetória na cobertura política. O que ele descreveu em seu desabafo contra interferência ideológica em licitações não é apenas uma irregularidade, é uma afronta direta aos princípios básicos de qualquer democracia.

Primeiro, temos a burla da licitação em si. Depois, a justificativa. Em um dos casos, da venda de equipamentos que não necessitamos e são de manutenção cara, há o medo de que os equipamentos vendidos à Alemanha possam acabar nas mãos da Ucrânia e sejam usados contra a Rússia. Putin virou parceiro estratégico do Brasil sob o governo do PT. O comércio com a Rússia foi elevado a um novo patamar após a invasão da Ucrânia, mostrando uma aliança que vai muito além de interesses econômicos, é ideológica.

Mas o problema é ainda mais profundo e toca em uma questão explosiva: o antissemitismo. Quando o ministro fala sobre Israel ganhando a licitação e o governo barrando por “questões ideológicas,” o que ele realmente está insinuando? Que os judeus não podem vencer porque isso poderia desagradar seus aliados ou chocar sua narrativa pró-Hamas? É uma lógica perigosa que ecoa um histórico sombrio.

Lula já fez várias declarações que beiram o antissemitismo desde o início do conflito no Oriente Médio. Se ele pessoalmente acredita ou não nessas ideias, pouco importa. O que importa é que, como líder de uma nação, suas palavras e ações têm consequências reais para a comunidade judaica no Brasil. Historicamente, sabemos que discursos assim são os primeiros passos para isolar e perseguir uma minoria. Quem acha que não tem nada com isso lembre-se: começa com os judeus, termina em você.

O ministro José Múcio foi claro ao dizer que o governo estava disposto a boicotar os negócios de judeus, seguindo uma lógica ideológica perversa. A história é testemunha de que atitudes como essas foram a porta de entrada para atrocidades inimagináveis. A perseguição econômica aos judeus foi o início do caminho para o Holocausto na Alemanha nazista. Não estou dizendo que Lula é nazista nem copia o nazismo. Estou dizendo que, quando um governo opta por práticas discriminatórias, ele brinca com o fogo mais perigoso.

O que é mais assustador do que as declarações em si é o silêncio cúmplice de parte da mídia, dos parlamentares e de quem deveria levantar a voz contra essa insanidade. A mesma esquerda que se diz defensora dos direitos humanos parece fazer vista grossa para o antissemitismo quando ele se encaixa nas suas agendas políticas. Como justificar esse apoio a regimes que reprimem mulheres e minorias, enquanto aqui fingem ser os paladinos da justiça e igualdade?

Não é de hoje que a esquerda identitária flerta com ideias antissemitas. Eles jogam judeus na caixinha dos “opressores” porque são brancos, ricos e colonialistas. Não importa que não sejam, a pauta identitária é divorciada da realidade dos fatos. Em nome dessa narrativa, qualquer ataque aos judeus parece ser justificado, o que é uma aberração moral e política.

Esse antissemitismo que permeia a base ideológica de alguns grupos não deveria jamais ter sido tolerado. Agora, porém, ele parece estar enraizado no coração do governo, e isso é perigosíssimo. O Congresso Nacional precisa acordar, agir com urgência, antes que o silêncio se torne cúmplice desse absurdo. Estamos diante de um desafio moral que não pode ser ignorado.

Resta saber: quem terá coragem de tomar uma atitude?

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