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Assassinato de Charlie Kirk: o poder da bala contra o poder do logos

O jovem ativista conservador Charlie Kirk foi covardemente assassinado com um tiro no pescoço enquanto palestrava calmamente, sentado em uma tenda armada na Universidade de Utah, Estados Unidos.

Assisti ao vídeo por um ângulo tal que me causou forte impressão. O rapaz conclui sua fala, leva o microfone um pouco abaixo da boca para uma pequena pausa, ao mesmo tempo em que respira levemente, retomando fôlego para usar a “arma” que Deus lhe deu e que o seu esforço desenvolveu: o talento retórico, a eloquência, a rapidez de raciocínio necessária para uma argumentação eficaz.

Subitamente, ouve-se um disparo, seu corpo oscila, o sangue esguicha do seu pescoço, ele faz um gesto quase imperceptível de tentar levar a mão ao local atingido. Não consegue. Seu corpo tomba. Uma bala silenciou sua voz. O poder do projétil contra o poder do logos.

Eu não o acompanhava nas redes. Para ser sincera, sequer o conhecia. E, se me restringisse a apenas alguns veículos de imprensa, seria apresentada não a um ser humano concreto, pai de uma menininha de 3 anos e um bebezinho de 1 ano e quatro meses; não a um esposo amoroso e um jovem talentoso de 31 anos, tão aberto ao diálogo que costumava sentar com um microfone à mão e outro à sua frente para quem quisesse debater até provar que ele estava errado; não o saberia um homem de fé que escreveu em suas redes sociais, poucos dias antes de morrer, que “Jesus derrotou a morte para que você possa viver”.

Se eu me informasse apenas por meia dúzia de jornais e portais progressistas não saberia nada disso. Saberia apenas que morreu um “influenciador de extrema de direita”, apoiador de Trump, que defendia tais e tais posições supostamente homofóbicas, islamofóbicas ou racistas e que defendia o porte de armas.

A ênfase dada às posições políticas de Kirk julgadas mais controversas, muitas vezes distorcendo-as ou descrevendo-as com uma maledicência indisfarçável, justamente ao noticiar o seu assassinato ou ao apresentá-lo após o trágico atentado, soa quase como uma justificativa. É uma atitude vil e imoral essa da imprensa, que precisaria urgentemente rever seus preconceitos, seu jornalismo parcial, ideologicamente enviesado.

Embora a Folha de S.Paulo tenha reproduzido um editorial do New York Times que afirma ser o assassinato de Charlie Kirk uma tragédia, o título do editorial veio imediatamente acompanhado, na home do portal, por links que levam a artigos deploráveis cujos títulos são: “Aliado de Trump, Charlie Kirk construiu carreira com ataques a LGBTs e negros” e “Charlie Kirk, influenciador morto nos EUA, já defendeu ‘custo de algumas mortes’ pelo direito de ter armas”.

O artigo, assinado por um tal de Gabriel Barnabé, é não apenas tosco, mas moralmente reprovável porque discorre em tom crítico e maledicente sobre uma série de posicionamentos políticos de Charlie Kirk, pintando-o como um extremista, no dia seguinte ao seu assassinato sem fazer uma única crítica ao ato monstruoso que lhe tirou a vida. 

Pelo contexto e pelo conteúdo, o artigo pode ser interpretado como uma justificativa do assassinato, que o jornalista provavelmente considera um um ato heroico de resistência.

O desconhecido jornalista, formado pela Faap, a quem a Folha achou por bem deixar a incumbência de apresentar o perfil de Chalie Kirk enquanto seu corpo ainda está sendo velado, descreveu-o como “influenciador de extrema direita” que propagava “discursos extremistas contra o que afirmava ser marxismo e ideologia de gênero”.

Segundo ele “críticos de Kirk apontaram repetidamente um caráter homofóbico e racista em suas falas públicas”, mas o repórter sequer se deu ao trabalho de apontar quais seriam essas falas, contentando-se com a acusação vaga, acrescentando ainda que “Kirk atacou abertamente o que afirmava ser uma agenda LGBTQ” e destacando que, nos últimos anos ele adotou uma “visão cristã ultraconservadora.

Se cito o jovem desconhecido jornalista da Folha e seu artigo, não é por questão pessoal, pois sequer o conheço. É porque o seu perfil de jornalista ativista é uma espécie de “tipo”, de “arquétipo” que ilustra muito bem o problema geral do jornalismo transformado em militância. 

É preciso denunciar a falácia que é chamar de “extremista de direita” todo indivíduo cujas posições políticas são marcadamente conservadoras.

Em seu pronunciamento sobre o caso, Donald Trump criticou a “demonização da dissidência”. Ele tem razão em criticar, mas não tem moral para fazê-lo, porque também costuma fazer o mesmo quando se refere ao campo político adversário.

De todo modo, é importante notar que se, por um lado, há na direita populista uma retórica violenta, na esquerda mais radical a violência é filosoficamente justificada, ela é aceita como método político e se torna praxis.

Pudemos ver até onde vai a delinquência dessa visão de mundo quando vimos pessoas comemorem o massacre perpetrado pelos terroristas do Hamas contra mulheres, idosos, jovens e bebês israelenses como um ato de resistência pela causa palestina. E também agora, quando o brutal assassinato de Charlie Kirk foi comemorado porque, afinal, ele era um “extremista de direita.”

De um lado e do outro do espectro político os ânimos se exaltam, as posições recrudescem, as pessoas se fanatizam, e, em vez de troca de ideias, vemos troca de ameaças. 

Isso deve acabar. A razão humana precisa honrar a si mesma e voltar a reconhecer sua dignidade, sua capacidade de resolver divergências por meio do diálogo, da ponderação, do debate respeitoso, da tolerância e do bom senso.

O ser humano já caminhou muito além da barbárie, mas parece querer voltar pra ela, esquecendo da necessidade inadiável de nos reconciliarmos conosco mesmo e com a criação, reconhecendo o outro como nosso próximo, como nosso irmão.

Um irmão dotado do direito sagrado e inalienável de viver e de expressar seu modo particular de ver as coisas e de compreender o mundo, mesmo que suas ideias não nos pareçam as melhores.

A política deveria ser justamente o uso da razão para resolução dos conflitos sem o uso da força. Todas as ideias devem poder ser proferidas. Sem liberdade de expressão, não há luz para o entendimento, só as trevas do fanatismo e da ignorância.

Como disse Charlie Kirk, o jovem conservador americano brutalmente silenciado enquanto fazia o uso público da razão – e a quem honro com esse artigo não necessariamente pelas suas ideias, mas pela coragem em proclamá-las – “Quando as pessoas param de falar é que a violência acontece”.