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Trump e a China

As escolhas do Gabinete do presidente eleito Trump indicam uma estratégia agressiva para abordar as ambições globais da China por meio de medidas diplomáticas, econômicas e de segurança. Dentro de sua administração, as visões sobre a China ainda encontrarão acomodação, pois alguns adotam uma abordagem linha-dura em relação a Pequim, enquanto outros parecem mais moderados. Aqui buscarei pontuar os pontos essenciais de cada um dos cardeais de Trump em relação ao país oriental.

Marco Rubio (Secretário de Estado): Durante seus quase 14 anos como Senador, Rubio fez da China um foco legislativo. Entre os indicados por Trump, ninguém passou tanto tempo examinando a competição multifacetada entre EUA e China. Rubio apresentou projetos de lei abordando vários aspectos das relações EUA-China, incluindo violações de direitos humanos em Xinjiang e Hong Kong, empresas chinesas registradas nos EUA, além da corrupção entre líderes chineses.

Mike Waltz (Conselheiro de Segurança Nacional): Waltz já rotulou a China como uma ameaça “existencial”, sugerindo foco em combater as estratégias militares e econômicas de Pequim. Waltz é considerado um homem leal a Trump e é conhecido por ser agressivo com a China.

Elise Stefanik (Embaixadora dos EUA na ONU): Ela tem criticado as ações da China em fóruns internacionais, defendendo presença mais forte dos EUA para contrabalançar a influência chinesa. Em particular, Stefanik aplaudiu a retirada de Trump da Organização Mundial da Saúde devido à sua promoção de “desinformação chinesa sobre a pandemia global de COVID-19 que, em última análise, levou a uma profunda ruína econômica e humana em centenas de países, incluindo a perda de mais de 400 mil vidas americanas”.

Pete Hegseth (Secretário de Defesa): Hegseth defende uma revisão abrangente das forças armadas dos EUA para conter a crescente influência da China.

Howard Lutnick (Secretário de Comércio): Lutnick apoia tarifas mais direcionadas em vez das tarifas amplas propostas por Trump e seus conselheiros linha-dura durante a campanha. Lutnick declarou que Trump “quer fazer acordos com a China”. Em setembro, ele disse à CNBC que as tarifas são uma ferramenta de negociação que deve ser aplicada apenas a produtos estrangeiros que competem com produtos feitos nos Estados Unidos.

Scott Bessent (Secretário do Tesouro): Ele pode dar à China algum espaço para respirar sobre tarifas potenciais. Pediu uma abordagem em fases para a implementação de tarifas, para que fossem “introduzidas gradualmente”. Para Pequim, esta nomeação pode proporcionar algum alívio, já que Bessent parece ser uma força moderadora. Entretanto, ele já sinalizou seu descontentamento com o valor do yuan, argumentando que ele está subvalorizado e manipulado para impulsionar as exportações.

Como disse, o governo ainda buscará encontrar seu ponto de equilíbrio em relação a Pequim, especialmente entre a visão de neoconservadores como Marco Rubio e Mike Waltz e a moderação de Bessent. Fato é que este equilíbrio precisará ser muito estudado pelos chineses, sob pena de se perderem dentro da estratégia trumpista. Fato é que a China não terá vida fácil na administração Trump. Serão quatro anos de uma guinada na política externa de Washington, que aliará pragmatismo e risco, características de um Presidente acostumado a jogar com o brio de seus oponentes.