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Por que não ouvem as mulheres do Irã e ainda defendem os aiatolás?

Você pode ter todas as críticas ao Trump e ao Netanyahu, muitas delas, justas. Mas isso é totalmente diferente de passar pano para o regime dos aiatolás no Irã. Um regime que, há mais de 40 anos, espanca, tortura e assassina o próprio povo, principalmente mulheres, por quererem existir fora da cartilha da teocracia. E ainda assim, parte dos autoproclamados progressistas brasileiros insiste em relativizar ou até apoiar esse tipo de governo.

Isso não é política. É uma deformidade moral. A defesa dos aiatolás não é só um erro ideológico, é um desprezo explícito pela vida humana e mais ainda pela palavra de quem está sendo massacrado. 

O que mais espanta é o silêncio de quem se diz feminista. Cadê o “mexeu com uma, mexeu com todas”? Cadê o “ninguém solta a mão de ninguém”? Por que essas mulheres que batem no peito, erguem cartazes e marcham com palavras de ordem ignoram completamente o que dizem as mulheres do Irã?

A explicação talvez esteja em uma ilusão: a de que, se elas apoiarem o regime, serão poupadas. Mas não serão. Para o fanático religioso, mulher é mulher. Se for impura, ocidental e livre deve ser castigada.

E a história está cheia de exemplos do extremismo e perseguição dos aiatolás. O próprio Salman Rushdie ficou décadas fugindo de uma sentença de morte emitida por um aiatolá nos anos 80. Em 2022, tentaram matá-lo de novo. Não importa quem você é nem o que pensa. Importa só o fato de você não obedecer ao que eles acreditam.

E o que faz o governo brasileiro diante disso? Se alia aos aiatolás. Reproduz discurso cínico de que o programa nuclear iraniano é só pra fins pacíficos mesmo com evidências claras do contrário. Mesmo com alertas de líderes europeus. E o que o Brasil ganha com isso? Nenhuma relevância internacional. Nenhuma utilidade prática. A gente não tem nem condição de combater bandido comum, vai fazer o quê numa guerra? Pintar meio-fio?

Mas há um efeito real: aqui dentro. A retórica do governo Lula está ajudando a importar um conflito que não era nosso. E, pior, está inflamando o antissemitismo no Brasil como nunca antes. Um país que sempre foi exemplo de convivência pacífica entre árabes e judeus, que acolheu imigrantes do mundo inteiro fugindo da guerra, agora vê esse espírito de coexistência sendo corroído.

Porque alguém em Brasília achou inteligente escolher estar ao lado de todas as ditaduras do mundo. Quem paga esse preço? As vítimas do extremismo. As mulheres iranianas. Os judeus brasileiros. A democracia. Tudo em nome de um discurso que não se sustenta nem na ética nem na lógica.