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Preço do Populismo

A resposta do governo Lula diante das tarifas de Trump revela uma perigosa cartilha populista que tem guiado o Palácio do Planalto. Em vez de buscar soluções estruturais, negociações robustas ou ajustes para aumentar a competitividade, a administração petista aposta na reedição irresponsável de mecanismos emergenciais e na expansão do crédito estatal – um caminho pavimentado com demagogia que desestabiliza as contas públicas e hipoteca o futuro do Brasil em nome da reeleição em 2026.

O plano de contingência imaginado pelo governo espelha-se no Benefício Emergencial (BEm), criado para o cenário da pandemia. Aplicar esse remédio de guerra a um desafio comercial é um absurdo econômico. Ressuscitar um programa que reduz jornada e transfere para os cofres públicos o pagamento de parte dos salários representa uma intervenção massiva e distorciva no mercado de trabalho. Não resolve o problema de competitividade gerado pelas tarifas e apenas mascara seus efeitos imediatos com dinheiro público, criando uma dependência insustentável.

Além disso, o governo planeja lançar uma enxurrada de novos programas sociais e ampliar outros usando o tarifaço como justificativa. Medidas que, na verdade, têm por objetivo único inflar a popularidade presidencial para a próxima disputa eleitoral. Ao todo, Lula planeja ao menos seis novos programas. Estamos falando da ampliação do Minha Casa, Minha Vida para aqueles que ganham até R$ 12 mil, juros subsidiados na liberação de crédito para reformas residenciais, vale-gás para 16 milhões de famílias, crédito para motos elétricas mediante linhas facilitadas aos entregadores de aplicativos e medidas de auxílio aos caminhoneiros. Uma farra fiscal pré-eleitoral.

O setor produtivo também entrou em campo para colher benesses e deseja flexibilizar as leis trabalhistas durante a vigência do tarifaço. Ao mesmo tempo pleiteia uma linha de crédito que permita às companhias exportadoras honrar seus ACCs (adiantamentos de contrato de câmbio), aliado a medidas de facilitação de crédito, algo que por mais que soe como uma medida paliativa razoável, significa alarmante expansão descontrolada do crédito estatal.

Os pedidos se acumulam. O governo foi demandado para ampliar o Acredita Exportação, programa que ajuda micro e pequenas empresas brasileiras com a restituição de 3% das receitas de vendas ao exterior. O pleito agora é que o benefício seja estendido a companhias de todos os portes. A prioridade aparente não é fortalecer a economia brasileira para enfrentar desafios globais, mas sim comprar paz social e apoio político no curto prazo, custe o que custar ao Erário.

Lula escolheu o atalho populista. Em vez de liderar o país em um necessário esforço de modernização e eficiência para enfrentar as tarifas e os desafios globais, opta por queimar o futuro fiscal do Brasil como combustível para fazer funcionar sua máquina eleitoral. É uma estratégia miope, egoísta e profundamente danosa. A conta desse festival de irresponsabilidade recairá inevitavelmente sobre a população. Seja através de impostos mais altos, serviços públicos ainda mais precários ou um novo ciclo recessivo forçado por um ajuste inevitável. O Brasil não pode se dar ao luxo de mais um ciclo de ilusão populista seguido de amargo despertar. O preço será catastrófico.