O governo Lula parece querer repetir uma tática que deu certo no passado: destruir reputações. Em 2014, o alvo foi Marina Silva, e a estratégia deu a vitória a Dilma Rousseff. Mas agora o cenário é outro. Depois de mais de uma década convivendo com campanhas difamatórias, tanto no campo político quanto na indústria de “influencers” e perfis de fofoca, o público aprendeu a reconhecer esse tipo de manobra.
A tentativa da vez é contra o deputado Hugo Motta. A máquina foi acionada: perfis aliados, “jornalistas” que operam como assessores e blogueiros amigos se uniram para fazer o serviço sujo. Resultado? O nome de Hugo Motta cresceu. A ofensiva teve o efeito oposto ao planejado.
Não é nem uma avaliação moral. É uma constatação prática: não colou. E não vai colar. Não há campanha de rede social que convença o brasileiro a ir pra rua pedir mais imposto.
Ainda mais depois de ver a Controladoria-Geral da União abrir mão de bilhões em multas de empreiteiras envolvidas na Lava Jato ou o perdão dado a parte da dívida das Lojas Americanas. Se o governo não tivesse perdoado essas dívidas de bilionários e amigos, não estaria tão desesperado por arrecadação. Mas é mais fácil atacar adversários do que rever prioridades.
O ridículo chegou ao ponto de fundar o “gabinete do amor” dentro da Fundação Perseu Abramo, a fundação partidária do PT. Uma rede de comunicação paralela, bancada com verba pública e partido, que imita o que diz combater: ataques coordenados, slogans vazios, manipulação de pauta. Entenda como o PT entra nisso lendo o artigo de Wilson Lima. “Congresso inimigo do povo” virou mote, como se fosse possível reeditar a vibe AI-5 com lacração progressista.
Érika Hilton propaga fake news dizendo que Lula aprovou um benefício que ele mesmo vetou. Boulos solta frases desconectadas da realidade sobre “povo invadindo banco”. E os influenciadores repassam. Uma narrativa mal feita e que subestima a inteligência da população. A tal taxação dos “super-ricos” virou apelido para qualquer aumento de imposto.
E isso não é porque a direita opera ataquer melhor que a esquerda. Nem bolsonaristas conseguem mais fazer esse tipo de campanha funcionar. Carlos Bolsonaro, por exemplo, tentou me atacar de novo semana passada. Em 2019, isso escalava. Gente seguindo minha família na rua, ameaças reais, recado no para-brisa do carro. Hoje, a mesma tática não passa de xingamento patético nas redes. A máquina perdeu a força. Nem a direita radical está conseguindo produzir o efeito que produzia anos atrás.
E Lula? Lula está ainda mais fraco. O Lula de 2003 ou 2007 teria reagido rápido à derrota do IOF. No dia seguinte almoçaria com os presidentes da Câmara e do Senado, realinhado a base. O de agora demorou, vacilou, e quando finalmente se moveu, já era tarde. O estrago estava feito. E pior: foi causado pelo próprio governo. O ataque contra Hugo Motta saiu pela culatra. Lula saiu menor do que entrou.
Se esse é o “marketing” pró-governo, a oposição pode tirar férias. O próprio governo já está fazendo o trabalho dela.