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Político palestino critica ativistas como Greta, que ficam em silêncio sobre execuções do Hamas

Os mesmos ativistas que, durante meses, gritaram “Palestina livre” nas ruas e nas redes, desapareceram quando a paz chegou. Nenhum gesto de celebração, nenhuma palavra de alívio. A conquista que deveria representar o triunfo da causa se tornou um constrangimento. A paz desarma não apenas os fuzis, mas também as narrativas. Quando o Hamas rompeu o próprio acordo e voltou a executar palestinos em público, os que se diziam defensores da liberdade simplesmente calaram. O silêncio não foi neutralidade, foi revelação.

Enquanto o Ocidente fazia de conta que não via, uma voz palestina expôs o absurdo. Ahmed Al Khalidi, político nascido em Jerusalém, advogado e professor universitário, publicou um artigo contundente sobre a hipocrisia dos ativistas ocidentais que dizem lutar por justiça, mas terminam servindo à tirania. “Eu me sinto profundamente intrigado por um certo fenômeno ocidental: os ativistas climáticos, defensores dos direitos humanos e autoproclamados progressistas que, de alguma forma, acabam repetindo as falas do Hamas”, escreveu.

Al Khalidi desmonta o que chama de modelo mental da confusão moral ocidental. Ele explica que boa parte desses militantes precisa de uma história simples, com mocinhos e vilões. É mais fácil viver num mundo dividido entre oprimidos e opressores do que lidar com a complexidade das tragédias humanas. Para eles, os palestinos são automaticamente as vítimas, e o Hamas, a resistência. “Eles não precisam de fatos, precisam de clareza moral, mesmo que seja falsa.”

O segundo ponto de sua análise é o mais incômodo: a projeção de culpa. O Ocidente, carregado de remorso por séculos de colonialismo e racismo, transforma causas “anti-imperialistas” em rituais de absolvição. “Eles se veem como aliados dos oprimidos, mas, na verdade, não estão nos ajudando, estão lavando a própria consciência.” É uma caridade estética, feita para exibição.

Mas há algo ainda mais profundo, e Al Khalidi toca na ferida: a atração pela intensidade emocional. Para jovens que cresceram em vidas fáceis, sem frustração real, o sofrimento alheio virou palco de experimentação moral. “Eles anseiam por luta moral como outros anseiam por aventura. Confundem destruição com profundidade.” É o mesmo narcisismo que transforma causas em acessórios, slogans em identidade e o drama de povos inteiros em espetáculo.

A geração que se diz rebelde confunde exibicionismo com luta, operações de marketing com ações de libertação, palavras com ação. Criados na era do elogio automático, acostumados a nunca ouvir “não” e a receber aplausos de pais frágeis e uma imprensa deslumbrada, acreditam que postar frases, fazer dancinhas ou usar um keffieh os torna parte de uma revolução. Querem aventura, mas não sabem nem lavar um copo.

Foram jovens da mesma idade que, em 1944, desembarcaram na Normandia para libertar a Europa do nazismo. Eram meninos que enfrentaram metralhadoras, lama e medo para restaurar a dignidade humana. No século XXI, os descendentes dessa coragem acreditam estar libertando povos enquanto repetem o discurso dos opressores. É o triunfo da pose sobre a consciência.

Al Khalidi conclui: “Quando vejo esses ativistas marchando com slogans que defendem o Hamas, não vejo solidariedade. Vejo confusão psicológica disfarçada de moralidade”, A frase resume um tempo em que a empatia virou performance e o sofrimento, matéria-prima para autopromoção.

A esquerda internacional, que se diz defensora dos oprimidos, ignora que o principal inimigo dos palestinos é o próprio Hamas. E o Ocidente, em seu conforto culpado, prefere a ilusão de pureza à responsabilidade moral de enxergar o real. O artigo de Ahmed Al Khalidi é mais que uma crítica: é um espelho incômodo. O Ocidente criou uma geração de supostos defensores dos direitos humanos incapazes de qualquer tipo de empatia com vítimas reais.

O retorno triunfal de Trump e a humilhação da militância woke

Há algo de fascinante, quase tragicômico, na forma como as elites progressistas dos últimos anos se posicionam como sinônimos de democracia, virtude e justiça social. “Nós somos a democracia”, proclamam. Mas qualquer força política que se autointitule dona desse conceito está, na verdade, cavando sua própria cova. Democracia não aceita monopólios, nem mesmo o da virtude.

Os chamados woke, que dominam o debate público nas elites progressistas, não são apenas autoritários, são insuportáveis. A tentativa de encapsular as minorias numa “senzala ideológica” onde todos devem marchar no mesmo ritmo e repetir o mesmo discurso não só é um fracasso estratégico como uma traição à própria ideia de diversidade.

Negros, latinos, mulheres, gays e trans precisam pensar igual. Quem define como pensar? A panelinha de sempre. O clube do “todEs”, liderado por militantes que se comportam como meninas más de colégio rico, armadas com seus gritos de “racista!”, “fascista!”, “homofóbico!”. Quem ousa desviar minimamente do script é cancelado sem piedade.

E foi precisamente essa postura que levou o woke ao chão – humilhado, debochado e ignorado – nas eleições mais recentes dos Estados Unidos. Donald Trump não só sobreviveu ao apocalipse moral que previram, como expandiu seu eleitorado em minorias que, ironicamente, os progressistas juravam representar. O aumento do voto latino para Trump é um tapa na cara de quem achava que podia determinar o que cada grupo deveria pensar.

E as elites não entenderam nada. “Como pode alguém votar no Trump?” Essa pergunta, repetida em tom de indignação por muitos, revela mais sobre a incapacidade cognitiva de quem a formula do que sobre as escolhas do eleitorado.

Eis o ponto: você pode não gostar de Trump, mas precisa ser intelectualmente honesto para entender por que alguém vota nele. Se você não consegue, é porque está tão preso à sua bolha de virtude que prefere acreditar que o mundo é burro ou manipulado. É mais fácil culpar fake news ou a “maldade inerente” das pessoas do que encarar o fato de que, talvez, o problema seja você.

A obsessão identitária que contaminou o progressismo fez com que minorias fossem vistas não como indivíduos com vozes próprias, mas como blocos homogêneos que devem seguir o dogma imposto pelos iluminados do woke. É um projeto autoritário disfarçado de empatia. E o mais irônico? Quem mais odeia os woke são as próprias minorias que eles dizem defender.

O partido democrata deu espaço demais para essa maluquice e agora paga o preço. A Kamala Harris até que tentou, manteve distância do todEs na campanha. Mas a torcida, ah, a torcida é um desastre. Os woke funcionam como aquele fã-clube tóxico que arruína a imagem de qualquer famoso. Eles acham que estão salvando o mundo, mas estão apenas arrancando a soco espontaneidade das pessoas em nome de uma suposta virtude coletiva.

E, quando os resultados vêm, a surpresa é inevitável. Eles não percebem que são odiados. Que suas posturas são vistas como arrogantes, condescendentes e absolutamente insuportáveis. A resposta para o desastre? Trocar o povo. Se o povo não concorda com eles, o problema é o povo. Eles nunca têm culpa. Afinal, possuem o monopólio da virtude. Se estão sendo rejeitados, só pode ser por fake news, manipulação ou pela maldade intrínseca do outro.

E então devemos cancelar o woke? Não defendo que sejam cancelados, eles têm o direito de falar e de viver segundo seu sistema de crenças como qualquer seita. Defendo que sejam reconhecidos pelo que são: uma seita radical de filhinhos de papai que confundem militância com bullying. Eles podem existir, podem gritar seus “todEs” à vontade. Só não podem ser levados a sério. Não mais.

O que vimos nos Estados Unidos não foi só uma vitória de Donald Trump. Foi o maior tombo do woke. Uma humilhação pública. Quem sabe, um marco para uma mudança de ventos. Ninguém aguenta mais ser julgado por meninas más de colégio rico fantasiadas de militantes.