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Foto: Reuters/David 'Dee' Delgado

Esquerda defende e glorifica Sinwar, líder do Hamas

Estamos cometendo um erro grave ao subestimar o potencial de radicalização que um grupo como o PCO pode trazer à sociedade. Sempre que surge a questão – seja exaltando terroristas, seja organizando passeatas com suásticas – a resposta é previsível: “Ah, mas é o PCO. Quem vai levar isso a sério?” O problema é que essa visão de que se trata de uma extrema esquerda caricata, quase folclórica, impede de enxergar o verdadeiro perigo.

Existe uma crença popular que se tornou quase um mantra: “Não vou bater palma para maluco dançar.” A ideia é que, se você ignora o comportamento absurdo, ele simplesmente desaparece. Mas o que poucos percebem é que, nesse caso, o “maluco” dança com ou sem palma. Se você não interrompe o espetáculo, mais “malucos” começam a dançar. E chegamos ao ponto em que a indiferença da sociedade pode se tornar fatal.

Pequenos grupos radicais têm o poder de radicalizar. E não estamos falando de teorias. Casos concretos de terrorismo no Brasil, como aqueles planejados por dois indivíduos radicalizados pelo Hezbollah, surgem exatamente de ambientes onde grupos minoritários ganham terreno. Eles não fazem parte de grandes partidos, não têm o mesmo alcance, mas operam nas sombras, radicalizando o suficiente para causar tragédias. Estamos subestimando o impacto desses movimentos.

A radicalização pode parecer distante, coisa de um grupo pequeno, mas isso não impede que eles causem grandes estragos. Recentemente, houve casos em que jovens brasileiros foram mentorados por um ano, por criminosos no exterior, para planejar ataques em escolas. E fizeram o ataque. Grupos pequenos, com discursos violentos, podem ser altamente eficazes em radicalizar.

O PCO, a extrema esquerda, não está fora desse jogo. Tanto a extrema esquerda quanto a extrema direita se alimentam de discursos violentos, sectários, e o PCO está evoluindo rapidamente nessa direção. Desde outubro do ano passado, o grupo passou de relativizar ataques terroristas para glorificar terroristas como mártires, exigindo mais mártires. Estão nas ruas com suásticas e, incrivelmente, nada aconteceu. O problema não é só o PCO. O que vemos é uma normalização desse discurso violento.

Há uma parte da militância que, até pouco tempo atrás, era composta por “Che Guevaras de apartamento.” Mas hoje, essas mesmas pessoas estão à beira de fazerem discursos neonazistas, se não o fizeram ainda. O que escrevem, o que dizem, como se comportam em relação aos judeus, nada disso parece mais pertencer a uma sociedade civilizada. Estamos vivendo algo que vai além dos limites do aceitável, mesmo dentro da precariedade de nosso sistema.

Por outro lado, temos o governo Lula. Ele se aproxima cada vez mais de regimes ditatoriais, normalizando o que deveria ser inaceitável. A situação chega ao ponto de o Talibã querer se juntar ao BRICS. E o que vemos? A primeira-dama, “empoderada,” sentada no Catar, conversando com a terceira mulher de um sheik de um país que não respeita os direitos das mulheres. O silêncio das feministas é ensurdecedor.

Estamos falando de uma mudança estrutural. O Brasil, que sempre foi neutro e um grande mediador em conflitos internacionais, agora toma partido de regimes que oprimem mulheres, minorias, e que glorificam a violência. O PCO é apenas a ponta de lança. Eles talvez digam o que outras alas da esquerda não podem dizer abertamente. É uma possibilidade. Nesse raciocínio, aos poucos, o discurso vai se tornando normal, até o ponto em que o radicalismo deixa de ser algo marginal e passa a ser aceito dentro da esquerda.

O problema é que, uma vez que essa porta estiver arrombada, colocar um trinco será impossível. Não estamos mais no momento de “abrir os olhos”, esse tempo já passou. E cada dia que ignoramos o PCO e a crescente radicalização de uma parte da militância, mais profundo será o buraco que cavamos para nossa própria sociedade.

“Filosofia para a Palestina”? Habermas e Ferry discordam

A filosofia, aurora do pensamento ocidental, tem sido sistematicamente encurralada nas suas louváveis pretensões de autonomia do pensamento para ser cada vez mais cooptada pela ideologia e pelas ideias nefastas que corrompem e desintegram a sociedade.

No atual estágio de desenvolvimento moral e jurídico da humanidade já deveria haver algumas balizas dentro das quais as ideias seriam discutidas com bom senso, boa fé e respeito a alguns imperativos morais inquestionáveis.

Infelizmente não é esse o caso. Enquanto alguns poucos filósofos conseguem trazer ao debate público ideias sensatas, pertinentes e corretas, a maioria se contenta com aventuras retóricas irresponsáveis nas quais o terror, o ódio e a barbárie são relativizados ou mesmo justificados em nome de ideais políticos. 

É importante, pois, trazer ao conhecimento do público brasileiro as raras vozes que têm nadado contra a maré da indolência intelectual no ambiente acadêmico filosófico. 

Se, por um lado, alguns ideólogos que se pretendem filósofos, assinaram uma carta aberta intitulada Philosophy for Palestine, na qual acusam Israel de genocídio e justificam o massacre do Hamas, por outro lado, o alemão Jürgen Habermas escreveu sua carta aberta Grundsätze der Solidarität. Eine Stellungnahme em condenação ao Hamas e em solidariedade a Israel e aos judeus.

Outro filósofo que entrou corajosamente no debate público, desde o início da guerra Israel-Hamas, é o ex-ministro de Educação da França, Luc Ferry.

Nem Habermas nem Ferry são considerados pensadores de direita. Ambos, porém, distanciam-se do fanatismo da esquerda anti-Israel que radicaliza o ambiente universitário com teses que fazem convergir decolonialismo, antissionismo, antissemitismo e wokismo em um mosaico de ódio e ressentimento contra tudo o que é ocidental, judaico e cristão.

Já comentamos aqui o artigo de Ferry intitulado “judeofobia, compreendendo a nova situação”, no qual o filósofo expõe o ódio ao “ocidente colonizador” como um sentimento catalisador capaz unir a militância de extrema esquerda apologeta do Hamas.

Em novo artigo, publicado também no jornal Le Figaro, Ferry defende que as atrocidades cometidas pelo Hamas em 7 de outubro devem ser consideradas crimes contra a humanidade.

Segundo ele, essa classificação importa ainda mais “porque alguns, cegos pelo velho antissemitismo da extrema esquerda, querem vê-lo como um movimento que ostenta o prestigiado selo da Resistência!” 

O filósofo explica que, para além dos debates que ocupam os juristas quanto à definição deste tipo de crime, “fica claro que os abusos cometidos pelo Hamas contra civis foram de fato perpetrados com uma lógica de extermínio visando toda uma comunidade.”

“Quer tenham sido assassinatos, violações ou torturas diversas, as pessoas raptadas, massacradas ou martirizadas estavam lá por quem eram ou deveriam ser, e não pelo que fizeram ou deveriam ter feito. Prova disso é o fato de até bebês, por definição inocentes, terem sido mortos como judeus, o que é suficiente para definir o crime contra a humanidade e, no final, incluí-los numa categoria mais ampla, o do genocídio”, completa o filósofo francês.

Enquanto a tal carta Philosophy for Palestine insiste na retórica hipócrita de que Israel está cometendo um genocídio em Gaza (retórica, aliás, já criticada na carta aberta de Habermas como “perda completa de parâmetros”), Ferry expõe a obviedade negligenciada pelos ideólogos de extrema esquerda: as atrocidades cometidas pelos Hamas é que “foram levadas a cabo numa lógica claramente genocida”.

Uma curiosidade sobre a carta dos ideólogos assinada por professores de filosofia na América do Norte, na América Latina e na Europa é que, entre as 207 assinaturas, constam as assinaturas de 8 brasileiros, cinco dos quais são cearenses, professores da Faculdade de Filosofia da Universidade Estadual do Ceará (UECE).

Antissemitismo institucional parece não ser mais privilégio da Universidade da Pensilvânia (Penn), de Harvard, do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e congêneres. Pelo que se vê, já há muitas sucursais do tipo pelo Brasil, uma das quais se destaca no nordeste do Brasil. 

Ps. Eu me formei em Filosofia na UECE e lecionei lá durante dois anos até sofrer pesado assédio moral e perseguição ideológica por parte dos mesmos professores que hoje assinam a referida carta. O caso resultou em processos criminais e trabalhistas ainda em curso.