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Terrorismo tempera salada russa da desinformação de Putin no Ocidente

Esta semana, o governo russo atualizou para 143 o número de mortos no atentado terrorista no Crocus City Hall, casa de espetáculos da periferia de Moscou. Há 182 feridos, mais de 80 deles hospitalizados. Segundo informações do portal russo Baza, 95 pessoas permanecem desaparecidas. Até agora, 11 pessoas foram presas por envolvimento no crime.

As imagens são aterrorizantes. Os terroristas entraram numa casa de espetáculo atirando a esmo contra civis, incluindo crianças. A autoria foi assumida pelo Estado Islâmico, mais precisamente a ramificação Estado Islâmico do Khorasan.

Para muitos pode parecer algo surpreendente ou inusitado. Não é. A Rússia talvez seja a única força eficiente para conter o jihadismo islâmico, com amplo sucesso em ações no continente africano. Por isso, é vista como grande inimiga do ISIS e de diversos outros grupos do tipo. Eles já cometeram diversos atentados contra o país.

Em 2022, o Estado Islâmico explodiu a embaixada da Rússia em Cabul, no Afeganistão, matando 4 funcionários. Antes, tinha feito um ataque ainda mais sangrento. No ano de 2015, 224 pessoas morreram quando o Estado Islâmico explodiu um avião russo que decolava do Egito. O grupo também considera a Rússia responsável  por sua derrota em guerras como a do Afeganistão e da Chechênia.

Aí existe uma outra nuance ainda mais complicada: o Estado Islâmico tem como seu pior inimigo o Talebã – acredite se quiser – e considera a Rússia como próxima desse grupo, considerado herege. O ISIS tem como objetivo estabelecer um califado, ou seja, uma nação governada de acordo com suas regras religiosas extremistas. O ideal é que essa seja a pátria mundial, mas ela começa aos poucos.

O início da ocupação foi na Síria e no Iraque, mas a derrota do ISIS ali é total, principalmente por causa da ação da Rússia em apoio ao governo sírio. Os terroristas decidiram buscar outros locais, como o Afeganistão e o leste do continente africano. Mais uma vez, a Rússia é um obstáculo.

O que ocorre no continente africano é bastante curioso. Caso tenha interesse em se aprofundar, fiz um artigo meses atrás para o Instituto Monitor da Democracia sobre este tema específico. O Grupo Wagner, braço de guerra privada de Putin, foi eficiente para varrer do continente africano diversas células do Estado Islâmico. O ditador matou seu aliado, que era o dono do Grupo Wagner, Yevgeny Viktorovich Prigozhin. A eficiência de suas forças indiretas no continente africano continua mesmo assim.

O Estado Islâmico já assumiu publicamente a autoria do atentado e é provável que venha a promover outros. Quando uma organização jihadista está perdendo territórios, é natural provocar terror para demonstrar poder e atrair mais adeptos.

Os Estados Unidos alegam que já haviam previsto a atividade terrorista naquela região e avisado o governo russo, que nada teria feito. Putin nega e agora usa o atentado para desinformação e demonstrações de brutalidade.

As imagens dos presos pelos atentados correram o mundo. Estão passando por audiências nos tribunais completamente arrebentados, espancados pelas forças de segurança russas.

Os suspeitos identificados seriam do Tadjiquistão: Dalerdzhon Mirzoyev, Saidakrami Murodali Rachabalizoda, Shamsidin Fariduni e Muhammadsobir Fayzov.

Fariduni tinha o rosto completamente inchado. Mirzoyev apareceu no tribunal com hematomas nos olhos. Rachabalizoda a mesma coisa, mas com a adição de uma faixa na orelha. Segundo as autoridades, um pedaço foi cortado na prisão. Fayzov chegou numa cadeira de rodas e parecia estar sem um olho. O governo Putin não disse claramente qual a ligação deles com o Estado Islâmico. Aliás, fez justamente o contrário.

Em pronunciamentos públicos, o ditador russo disse que havia indícios de participação da Ucrânia no atentado. Seria um veículo com placas ucranianas que foi utilizado pelos terroristas. Parece uma afirmação possível de ser verdadeira e circunstancial. Não é, é parte do sofisticado esquema russo de desinformação focado na guerra da Ucrânia.

A ditadura considera crime “fake news” sobre a guerra. Ou seja, contrariar o que Putin diz e condenar a invasão rende uma pena de cadeia. Mais recentemente, é também possível o confisco de bens de quem criticar a invasão da Ucrânia. Isso não cessa, mas diminui consideravelmente a produção interna de conteúdo sobre isso.

No Ocidente, Putin consegue a estranha façanha de ter apoio em todos os extremos políticos, seja de direita ou de esquerda. Esse mecanismo de jogar do nada uma informação sobre a Ucrânia é feito sob medida para radicais, que vivem divorciados da verdade. Eles não precisam ser convencidos, só precisam ser instigados à dúvida sobre uma realidade que rejeitam.

Como querem acreditar que a Ucrânia invadida é o bandido e a Rússia invasora é o mocinho, os radicais se agarram a qualquer fio de narrativa que os afaste da realidade. Esta semana, a Rússia fez bombardeios de mísseis contra alvos civis na Ucrânia, incluindo uma faculdade. O radical vai desprezar essa informação e focar na história de que a Ucrânia é terrorista e faz atentados na Rússia. No Brasil, isso pegou principalmente na esquerda mais abastada. Perguntados sobre o atentado, vários têm impressão de que a Ucrânia está envolvida.

Ao mesmo tempo, Putin lança um agrado para a extrema-direita na pauta de costumes. O ditador acaba de equiparar a militância LGBT ao terrorismo no país. É um passo extremo, jamais tomado nem pelas ditaduras teocráticas mais duras.

A criminalização da homossexualidade, que é deplorável, existe em vários países do mundo, principalmente nas ditaduras teocráticas. Putin entrou num outro patamar agora, endurecendo ainda mais sua escalada de década contra homossexuais. Não é mais só crime, é terrorismo.

Veja o que ocorreu com os terroristas no caso do teatro, é o mesmo que pode acontecer com militantes LGBT. Por incrível que pareça, tem gente aqui no Brasil e em outros países ocidentais apoiando isso. Argumentam que a militância está tão agressiva e tão eficiente ao impor suas crendices à sociedade que alguém precisa parar com isso. As pessoas não ligam que a solução seja um ditador equiparar militância política a terrorismo.

Vladimir Putin acaba de vencer novamente eleições fraudadas. Observadores internacionais dizem que foi a mais fraudada que presenciaram por ali. A diplomacia brasileira, também presente, atesta que houve normalidade. Ele vai agora bater o record de Joseph Stálin como governante mais longevo da Rússia. Stálin permaneceu 26 anos no poder, Putin chegou em 1999. Ambos trabalharam fortemente para moldar o pensamento das elites ocidentais. Os ditadores russos aprenderam muito bem como a desinformação é poderosa, os ocidentais não aprenderam nada.

Foto: AFP

Navalny: o sopro de liberdade que desafia Putin

Um homem foi enterrado na Rússia. Chamava-se Alexei Navalny. Em circunstâncias adversas, sob frio intenso, sob ameaça de retaliações e prisões, uma multidão esteve presente nos rituais fúnebres para as derradeiras homenagens àquele que denunciou a corrupção e a tirania do Kremlin e que ousou desafiar o poder de Vladimir Putin, pagando o seu ato de coragem com a própria vida.

A morte do opositor era esperada. Putin já o havia mandado envenenar em 2020. O filme “Navalny”, produzido pela CNN e que, em 2023, ganhou o Oscar de melhor documentário, traz os detalhes dessa tentativa de assassinato, contextualizando o episódio do envenenamento e mostrando os bastidores da vida do político até a sua prisão.

Mesmo sabendo que certamente seria preso e que sua vida estaria novamente em risco, Navalny tomou a decisão de deixar a Alemanha e retornar à Rússia tão logo sua saúde foi reestabelecida. Ele foi detido assim que desembarcou em Moscou e, durante três anos, esteve submetido a frio, fome e a um confinamento opressivo na colônia “lobo polar”, uma remota e inacessível prisão, localizado na Sibéria, onde a temperatura se aproxima de -40°C no inverno.

A sua prisão provocou uma onda de protestos, seguida de dura repressão, com cerca de 1600 pessoas detidas. Os russos foram corajosos, naquela ocasião, e também neste 1 de março de 2024, quando cantaram, em frente à igreja onde seu corpo foi sepultado: “Você não teve medo e nós não temos medo”.

De que lado estamos?

O mundo livre está cada dia mais preocupado com Putin. O tirano já deu provas de que seu método é a crueldade, tanto na política externa quanto na política interna. A invasão da Ucrâniae o modo com Navalny e seus outros opositores sucumbiram, expõe o caráter reprovável do chefe do Kremlin e faz um chamamento à consciência daqueles que buscam se posicionar diante dos conflitos bélicos atuais e das ideologias.

É preciso reavaliar posicionamentos políticos a partir da recuperação de princípios básicos, mesmo que o evento em questão não nos toque particularmente enquanto brasileiros. Somos seres humanos, não somos? Precisamos, pois, repudiar a cumplicidade com ditadores que desprezam os direitos humanos e cujas ações dizem respeito mais à tentativa de manutenção de um poder do que à salvaguarda do indivíduo diante dele.

O mundo se posiciona hoje em torno de duas tendências díspares: uma tendência autoritária e autocrática e uma tendência democrática e liberal. Pela forma como os políticos se movimentam em torno das figuras proeminentes desse mundo em conflito podemos avaliar o teor de suas próprias tendências.

Por que o nosso país não se posiciona conforme as democracias consolidadas do Ocidente, mas apoia em discursos e em gestos as tiranias em voga e em vias de formação?

É vergonhoso e deplorável o alinhamento do Brasil com a Rússia e o cinismo com que o presidente Lula tratou a morte do principal opositor do autocrata russo, ao comentar que a morte estava sob suspeita e que era preciso fazer uma investigação para dizer que “o cara morreu disso ou daquilo”.

A liberdade criadora de Alexei Navalny

Em artigo publicado no jornal suíço Neue Zürcher Zeitung, Andreas Rüesch escreve que o destino de Alexei Navalny revela muito sobre a Rússia de hoje. Putin, escreve o ex-correspondente no NZZ em Moscou, “garantiu o seu lugar nos livros de história como o tirano que mergulhou a Rússia na ruína com a guerra megalomaníaca contra a Ucrânia. Inextricavelmente ligados a isto estão os crimes contra os adversários como Navalny. O seu caso cristaliza o mal que está corroendo a Rússia. O país está consumido pela corrupção e a sua elite está enriquecendo a um nível que teria sido impensável mesmo nos tempos soviéticos”.

O artigo segue explicando que o país está sufocado, perdendo os seus melhores talentos e afirma que “a Rússia precisa, como o ar para respirar, de uma capacidade de organização como a de Navalny.” O ar que Navalny respirava e que ele soprou na Rússia chama-se liberdade.

Todos os países deveriam orgulhar-se de um conjunto criativo de energia como Alexei Navalny”, escreveu Andreas Rüesch. “Ele não era um político comum; ele revolucionou o trabalho da oposição com sua originalidade, novos métodos de pesquisa, talento organizacional e uma refrescante dose de humor. Além disso, ele era acessível no contato pessoal, com graça e sem pedantismo. Navalny tinha carisma, uma qualidade que falta a toda a equipe do Kremlin. Pessoas como ele vão longe em países livres. Na Rússia eles estão morrendo”.

Testemunho x ideologia

Os que querem ver a Rússia como o império glorioso de outros tempos não entenderam ainda que a verdadeira grandeza é a do espírito e que a grandeza do espírito humano só se expressa na liberdade. A nação que a sufoca perece em vez de se engrandecer.

Milhares de russos afrontaram Putin e prestaram as últimas homenagens a Alexei Navalny, expressando deferência àquele que pereceu por um ideal e que fez ressurgir nos jovens a coragem de lutar para ser livre.

Nenhum tirano é capaz de sufocar o desejo humano por justiça e liberdade e nenhum poder temporal é capaz de arrefecer o ânimo de luta política daqueles que são movidos por verdadeiros valores.

Para aqueles que estiveram presentes no velório, Navalny não era apenas um corpo inerte e inanimado, ele representava a coragem e o vigor daqueles que compreendem que a justiça só se conquista com valor e testemunho.

Testemunhar é agir de acordo com a verdade apregoada; é fazer a vida dar sinal do discurso e modular o discurso em consonância com a vida. Testemunhar é assumir os riscos das escolhas e aceitar a dor das consequências; é elevar-se além do raciocínio pragmático do autointeresse e das contradições das ideologias.

Ideologias não induzem ao testemunho, mas ao fanatismo. A ideologia conduz a uma ação cega, obnubilada, obcecada e, por vezes, cruel, em nome de uma crença não refletida, mal assimilada e descolada da verdadeira natureza das coisas.

O testemunho, pelo contrário, conduz à superação do fanatismo e do egoísmo porque, estando em consonância com a verdade, abre espaços de reflexão mais profundos, mais espiritualizados, mais sublimes. O verdadeiro testemunho é aquele que se eleva aos verdadeiros valores. O ato heroico não se coaduna com a mediocridade nem com a vilania.

O verdadeiro homem e o falso líder

Não temos mais tempo para falsos heróis ou falsos profetas. Nossa época clama por homens reais, como Alexei Navalny, cuja autenticidade inseriu valor na ação política, reunindo, com o seu sopro de liberdade criadora, as vontades dispersas e difusas.

Homens reais e autênticos são mais veneráveis que falsos mitos que se autoproclamam líderes e conduzem as massas. A diferença é sutil. Mas aqueles que estiverem atentos haverão de reconhecer e separar o verdadeiro homem do falso líder. Os nossos falsos líderes estão hoje ao lado do tirano que assassinou um verdadeiro homem.

A segunda guerra fria: um resumo iconográfico

Antes de qualquer coisa é preciso saber que uma segunda grande guerra fria já está instalada. E que ela não é, como a primeira, uma divisão de blocos Oeste x Leste compostos por países. Não é EUA x China no lugar de EUA x URSS. A segunda guerra fria é uma campanha de exterminação das democracias liberais promovida pelas maiores autocracias do planeta que se instala dentro de todos os países, capturando setores internos não-liberais desses países, sobretudo governos e forças políticas populistas.

Na segunda guerra fria há conflitos quentes convencionais (entre países, como Rússia x Ucrânia) e não-convencionais (entre grupos sub ou não nacionais entre si e contra países, como Hamas x Israel), mas predomina a netwar: a nova forma de guerra do século 21. Países autocráticos estão na ofensiva nessa forma de guerra que tenta interferir na geopolítica regional e mundial e, além disso, na política interna de cada país. A netwar não é menos perigosa do que as guerras frias convencionais. Ela pode ensandecer multidões que, dependendo das circunstâncias, não hesitarão em tomar de assalto as instituições democráticas.

Há um campo autocrático e um campo democrático no mundo atual. Potencialmente estão no campo autocrático, segundo a classificação do V-Dem 2023 (modificada por mim), 33 autocracias fechadas (não-eleitorais), 56 autocracias eleitorais e um número não-determinado (menor do que 58) de regimes eleitorais parasitados por populismos (ainda chamados, benevolamente, de democracias). Potencialmente, ainda segundo o V-Dem 2023 modificado, estão no campo democrático as 32 democracias liberais e um número não-determinado (também menor do que 58) de regimes eleitorais formais não-parasitados por populismos (que poderiam ser chamados, com mais razão, de democracias apenas eleitorais).

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Para além do campo potencial, há um eixo autocrático se formando no mundo em que vivemos, imerso desde o início do século em uma terceira onda de autocratização.

O objetivo do eixo autocrático é exterminar as democracias propriamente ditas (liberais ou plenas).

Há um campo democrático potencial, mas não propriamente um eixo democrático formado por democracias plenas ou liberais. No apoio à Ucrânia contra a invasão do ditador Putin chegou-se a formar uma inédita coalizão de democracias liberais (que poderia ser considerada um embrião desse eixo).

O eixo autocrático está capturando regimes eleitorais parasitados por populismos.

No campo democrático estão as democracias formais, não parasitadas por populismos.

Tudo isso é um briefing. Para explicações mais detalhadas leia o artigo Democracia é democracia liberal.

Más Companhias

Os tentáculos do Kremlin finalmente alcançaram Alexei Navalny, principal opositor de Putin, preso em uma penitenciária em Yamalo-Nenets, no círculo polar ártico. Navalny agora faz parte de uma lista cada vez mais extensa de opositores do regime de Putin que foram vítimas de assassinatos, envenenamentos, emboscadas e supostos acidentes. Isso tudo acontece na mesma medida que as liberdades são cerceadas e o regime se fecha cada vez mais sob um domínio autoritário e despótico.

A Rússia é uma das principais forças por trás de um movimento autocrático crescente no mundo, com foco em especial no desmonte das democracias ocidentais. Falo de uma estratégia que está além da direita e esquerda tradicionais, que atualmente ocupam a arena política. O movimento autocrático une estes dois polos naquilo que ambos têm de pior, que é o desprezo pelo modelo de democracia liberal construído nos pós-guerra.

Venho repetindo há algum tempo que as placas tectônicas da estabilidade internacional vêm se movimentando com especial intensidade em tempos recentes com a ascensão do modelo chinês, teocracismo iraniano, bolivarianismo venezuelano, autoritarismo russo e todos os subtipos derivados destes modelos. A união destas forças por meio da economia e pela manipulação da democracia são os principais desafios enfrentados por um mundo que se encontra carente de líderes e estadistas.

Em termos de Brasil, tudo indica uma captura da política pela lógica destes novos players do cenário internacional, seja pela via da direita ou da esquerda, com vimos em tempos recentes. A presença do nosso país no BRICS, principal arena do grupo, chancela o Brasil como membro ativo de um clube que além de China, Rússia, África do Sul e Índia, agora conta com Arábia Saudita, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Uma opção que deixou de considerar a democracia como elemento essencial.

Fato é que as posições recentes de nossa diplomacia deixam claro o caminho tomado, afinal no governo passado deixamos de condenar a invasão da Ucrânia, posição mantida atualmente. Da mesma forma, deixamos de condenar as violações aos Direitos Humanos na Nicarágua e Venezuela, além de golpes de estado na África sabidamente organizados com o apoio de Moscou. Falta também condenar as brutais violações ocorridas na China, especialmente a brutalidade contra a minoria uigur.

Estamos diante de uma lógica perversa, que privilegia alianças políticas em detrimento de valores universais, enterrados aos poucos pelos sócios de nosso país no BRICS e por todos os outros satélites que resolveram optar pela cartilha autocrática. Estamos diante da construção de uma nova ordem internacional por nações que desprezam os valores da liberdade e da democracia. Uma nova ordem pela qual o Brasil, de forma equivocada, ingênua e irresponsável, vem optando por fazer parte.

A morte de Alexei Navalny é mais um capítulo triste da história da Rússia. Ele se junta a Alexander Litvinenko, Anna Politkovskaya, Natalia Estemirova, Stanislav Markelov, Boris Nemtsov, Sergei Yushenkov, Denis Voronenkov, Sergei e Yulia Skripal, Nikolai Glushkov e tantos outros opositores que pereceram ao enfrentar o Kremlin de Putin. O Brasil deveria repensar suas alianças e permanecer ao lado de democracias liberais e livres, antes que sejamos ainda mais contaminados pelas más companhias.