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Trump em guerra

Há uma guerra instalada no mundo. É a segunda grande guerra fria movida pelo eixo autocrático contra as democracias liberais. 

O eixo autocrático é composto por autocracias (fechadas e eleitorais) e regimes eleitorais parasitados por governos populistas. De qualquer modo, o eixo autocrático usa o populismo como sua principal arma.

Mas não há apenas um tipo de autocracia (fechada ou eleitoral) no eixo autocrático e sim dois tipos: as autocracias ditas de direita ou de extrema-direita e as autocracias ditas de esquerda (ou socialistas). 

E não há apenas um tipo de populismo e sim dois tipos: o nacional-populismo ou populismo-autoritário (dito de direita ou extrema-direita) e o neopopulismo (dito de esquerda). 

Então, tudo isso significa que há duas alas em disputa no eixo autocrático. A ALA A versus a ALA B. Vejamos.

ALA A

(Apenas alguns exemplos. A classificação de regimes é a do V-Dem 2025)

AUTOCRACIAS E REGIMES ELEITORAIS NÃO-AUTORITÁRIOS PARASITADOS POR GOVERNOS POPULISTAS DITOS DE DIREITA (OU EXTREMA-DIREITA)

Hungria = Autocracia eleitoral: Orbán no governo

Turquia = Autocracia eleitoral: Erdogan no governo

El Salvador = Autocracia eleitoral: Bukele no governo

Índia = Autocracia eleitoral: Modi no governo – Posição ainda incerta

Itália = Democracia liberal: Meloni no governo – Posição ainda incerta

EUA = Democracia liberal: Trump no governo

Eslováquia = Democracia eleitoral: Fico no governo

Argentina = Democracia eleitoral: Milei no governo – Posição ainda incerta

Israel = Democracia eleitoral: Netanyahu no governo

FORÇAS NACIONAL-POPULISTAS DITAS DE DIREITA (OU EXTREMA-DIREITA) FORA DO GOVERNO

França = Democracia liberal: Le Pen fora do governo

Alemanha = Democracia liberal: Weidel fora do governo

Reino Unido = Democracia liberal: Farage fora do governo

Holanda = Democracia liberal: Wilders fora do governo

Espanha = Democracia liberal: Abascal fora do governo

Portugal = Democracia eleitoral: Ventura fora do governo

Finlândia = Democracia liberal: Purra fora do governo

Brasil = Democracia eleitoral: Bolsonaro fora do governo

ALA B

(Apenas alguns exemplos. A classificação de regimes é a do V-Dem 2025 – com exceção da África do Sul)

AUTOCRACIAS (FECHADAS E ELEITORAIS) DITAS DE ESQUERDA (OU SOCIALISTAS)

China = Autocracia fechada: Xi Jinping no governo

Coreia do Norte = Autocracia fechada: Kim no governo

Laos = Autocracia fechada: Bouphavanh no governo

Vietnam = Autocracia fechada: Chính no governo

Angola = Autocracia eleitoral: Lourenço no governo

Cuba = Autocracia fechada: Diáz-Canel no governo

Venezuela = Autocracia eleitoral: Maduro no governo

Nicarágua = Autocracia eleitoral: Ortega no governo

REGIMES AUTORITÁRIOS APOIADOS PELA ESQUERDA (E ÀS VEZES PELA DIREITA)

Irã e seus braços terroristas = Autocracia eleitoral: Khamenei (e IRGC) no governo – apoiados pela esquerda

Rússia = Autocracia eleitoral: Putin no governo – apoiado pela esquerda e, às vezes, pela direita ou extrema-direita

Bielorrússia = Autocracia eleitoral: Lukashenko no governo – apoiado pela esquerda e, às vezes, pela direita ou extrema-direita

Iêmen, EAU, Egito e outras ditaduras islâmicas – apoiadas pela esquerda

Cazaquistão, Uzbequistão e outras ditaduras asiáticas sob controle da Rússia ou da China

Congo DR, Nigéria, Uganda e outras ditaduras africanas sob controle da Rússia ou da China

REGIMES NÃO-AUTORITÁRIOS E NÃO-LIBERAIS DITOS DE ESQUERDA (E ALINHADOS AO EIXO AUTOCRÁTICO) 

México = Democracia eleitoral: Claudia no governo

Honduras = Democracia eleitoral: Xiomara no governo

Colômbia = Democracia eleitoral: Petro no governo

Bolívia = Democracia eleitoral: Arce no governo

Brasil = Democracia eleitoral: Lula no governo

África do Sul = Democracia eleitoral: Ramaphosa no governo

Indonésia = Autocracia eleitoral: Subianto no governo – é a única exceção de regime autoritário neste conjunto

BRICS, UM BOM EXEMPLO

O BRICS (ou Sul Global) é uma articulação política disfarçada de bloco econômico sob influência predominante da ALA B.

Dos 11 membros permanentes (plenos) do BRICS, 9 (82%) são ditaduras que se alinham:

Brasil – Democracia eleitoral (não-liberal) | ALA B

Rússia – Autocracia eleitoral | ALA B

Índia – Autocracia eleitoral | ALA A (mas a posição ainda é incerta)

China – Autocracia fechada | ALA B

África do Sul – Democracia eleitoral (não-liberal) | ALA B

Egito (aderiu em 2024) – Autocracia eleitoral | ALA B (vulnerável à ALA A)

Etiópia (aderiu em 2024) – Autocracia eleitoral | ALA B

Irã (aderiu em 2024) – Autocracia eleitoral | ALA B 

Emirados Árabes Unidos (aderiu em 2024) – Autocracia fechada | ALA B (vulnerável à ALA A)

Indonésia (aderiu em janeiro de 2025) – Autocracia eleitoral | ALA B

Arábia Saudita – Autocracia fechada – Ainda não decidiu se permanece no grupo | ALA A

Dos 10 países parceiros do BRICS, 8 (80%) são ditaduras que se alinham:

Bielorrússia – Autocracia eleitoral | ALA B

Bolívia – Democracia eleitoral (não-liberal) | ALA B

Cazaquistão – Autocracia eleitoral | ALA B

Cuba – Autocracia fechada | ALA B

Malásia – Democracia eleitoral (não-liberal) | ALA B

Nigéria (confirmada como parceira em 17 de janeiro de 2025) – Autocracia eleitoral | ALA B

Tailândia – Autocracia eleitoral | ALA B

Uganda – Autocracia eleitoral | ALA B

Uzbequistão – Autocracia fechada | ALA B

Vietnã (o último confirmado) – Autocracia fechada | ALA B

Ou seja, o BRICS está claramente no campo da esquerda (ou sob influência predominante da esquerda) – ALA B. Por isso virou alvo da guerra de Trump.

A GUERRA DE TRUMP

Trump – sob influência MAGA ou realizando seu propósito – quer ser o líder global de um eixo autocrático populista de extrema-direita – a ALA A. Mas a parte mais ativa (e poderosa) do eixo autocrático realmente existente, no comando de governos, é de esquerda ou mais próxima da esquerda, ou apoiada pela esquerda (considerando que, politicamente, a Rússia, a Bielorrússia e o Irã, que do ponto de vista interno poderiam ser considerados de direita, do ponto de vista externo estão alinhados à esquerda) – a ALA B.

Numa conjuntura de guerra contra a ala esquerda do eixo autocrático (sobretudo a China), qualquer um na posição de Trump – ou seja, nacional-populista, autoritário, iliberal e antidemocrático, de extrema-direita – tomaria atitudes ainda mais duras contra Cuba, Venezuela, Nicarágua, México, Honduras, Colômbia, Bolívia, Brasil, África do Sul etc. pelo fato de esses regimes de esquerda ou pertencerem ao eixo autocrático (caso dos três primeiros) ou estarem se alinhando a esse eixo (caso dos seis últimos). Tudo, porém, na ALA B. 

O Brasil, em especial, foi escolhido por Trump por alguns motivos. O primeiro deles é o processo contra Bolsonaro, com o qual se identifica; e contra os bolsonaristas, que são aliados do MAGA. 

O segundo é a perseguição movida por Alexandre de Moraes (e seus colegas do STF) às plataformas americanas de mídias sociais (em especial as medidas censórias contra o X, mas não só) que se alinharam à ALA A. O governo americano sabe que os poderes no Brasil são formalmente independentes, mas não acredita nisso diante da evidência de o STF estar atuando em conluio com o governo. Aliás, Trump não acredita nessa independência do judiciário nem nos Estados Unidos. 

O terceiro motivo é a saliência de Lula em aparecer no BRICS como campeão da luta contra o imperialismo norte-americano, para se cacifar como o grande líder emergente do Sul Global. Lula, de certo modo, “cavou a falta” para aumentar sua popularidade cadente na base da patriotada fácil e da exploração populista do nacionalismo contra o grande satã. 

O fator mais decisivo, porém, foi o alinhamento do governo Lula à ALA B do eixo autocrático. Setores da Casa Branca avaliam que o Brasil, se já não é, pode se converter em braço da China (e da ALA B) nas Américas. Então é guerra.

Mas Trump não deseja a guerra quente (uma terceira guerra mundial nos moldes da primeira e da segunda). A sua guerra é uma guerra fria, baseada na ameaça e na imposição de sanções. Ele quer um eterno ‘estado de guerra’, de preferência sem derramamento de sangue.

Às vezes parece que Trump gostaria de um mundo que evocasse o 1984 de George Orwell. Três grandes potências autocráticas – Oceânia (EUA), Eurásia (Rússia) e Lestásia (China) – regulariam adversarialmente todo o globo (em guerras regionais quentes e em guerras que não seriam consumadas como conflitos violentos, algumas até de mentirinha – como pretexto para autocratizar internamente o próprio regime americano, pois os outros dois já são autocracias). Um mundo em que não haverá mais instituições multilaterais reguladoras, pois a força faz a lei. Esse mundo, entretanto, não é possível – mas o pretexto é possível. No final do dia, Trump espera não propriamente ser imperador do mundo (como disse Lula) e sim imperador de um novo – e tenebroso – Estados Unidos da América Autocrática. É claro que, se os EUA se transformarem em uma autocracia intervencionista (mesmo que apenas em termos de sanções econômicas e disposições restritivas geopolíticas sustentadas por poderio militar), todas as democracias liberais estarão ameaçadas de morte pela ALA A. Assim como também estarão se houver o predomínio da ALA B.

Por isso não pode analisar a questão como um FLA X FLU. Interessa igualmente à ALA A e à ALA B instaurar um clima de guerra (causando internamente polarização e divisão nas sociedades nacionais). É isso que destrói a democracia e não a vitória de um lado ou do seu oposto. Do ponto de vista das democracias liberais ambos são ameaças, porque ambos – cada qual a seu modo – são iliberais. Por isso Putin financia tanto Le Pen (da ALA A) quanto, por baixo do pano, incentiva Melénchon (da ALA B). E Trump, ao mesmo tempo em que apoia Putin, o ameaça com sanções. E sanciona a Índia (que pende mais para a ALA A) com tarifas semelhantes às aplicadas aos países cujos regimes estão alinhados à ALA B. A guerra fria permanente é a chave.

Ou é guerra ou não é guerra. Guerra fria é guerra. Se é guerra, de qualquer modo, a autocracia (seja dita de direita ou de esquerda) está vencendo; quer dizer, a democracia está perdendo. A guerra – não quem a promove – é a autocracia.

Onde a democracia não funciona bem

Versão preliminar. Sem revisão, sem notas, sem referências e ainda sem conclusão.

RESUMO

Este estudo pretende mostrar que não conformam ambientes favoráveis à democracia: 1 – países que têm sistemas de governo presidencialistas plenos; 2 – países muito grandes (com mais de 100 milhões de habitantes); 3 – países cujas populações são majoritariamente fundamentalistas religiosas; 4 – países em guerra; e 5 – países com regimes parasitados por governos populistas.

Temos hoje no mundo 65 países com sistemas de governo presidencialistas plenos. Desses, só temos dois países com democracia plena (The Economist Intelligence Unit), ou seja, 3%; e cinco países com democracia liberal (V-Dem), ou seja, 7,7%. A maioria dos países com sistemas de governo presidencialistas plenos é composta por autocracias.

Temos hoje no mundo 16 países muito grandes, com mais de 100 milhões de habitantes. Na lista de todos os (dezesseis) países com mais de 100 milhões de habitantes só temos uma democracia plena (segundo a EIU): o Japão (o que dá 6%). E só temos duas democracias liberais (segundo o V-Dem): os EUA e o Japão (ou seja, 12,5%). Da lista toda temos 11 autocracias, ou seja, quase 70% (68,75%).

Temos hoje no mundo 48 países cuja população é majoritariamente muçulmana e 1 país (Myanmar) cuja maioria da população é budista (theravada) com traços significativos de intolerância às demais religiões. Se usarmos a classificação do V-Dem, de 48 países de maioria islâmica só escapam quatro que não têm regimes autocráticos: Albânia, Gâmbia, Nigéria, Senegal (sendo que na Nigéria a população muçulmana é pouco mais de 50%). Claro que não há nenhuma democracia liberal ou plena. Mais de 90% (91,6%) são ditaduras (autocracias eleitorais ou autocracias fechadas). Myanmar, por sua vez, também é uma autocracia fechada.

Temos hoje no mundo 51 países em guerra (considerando conflitos armados com mais de mil mortes anuais ou crises humanitárias graves) ou estado de guerra persistente. Desses, 41 são autocracias (ou seja, mais de 80%). Só há uma democracia liberal (V-Dem). Não há nenhuma democracia plena (EIU).

Temos hoje no mundo, pelo menos, cerca de 21 países com regimes eleitorais parasitados por governos populistas, sejam neopopulistas (ditos de esquerda), sejam populistas-autoritários ou nacional-populistas (ditos de direita ou extrema-direita). São 10 governos neopopulistas e 10 governos populistas-autoritários, sendo que 1 ainda não se enquadra bem nas duas categorias (o governo da Argentina). Da lista inteira a metade é de ditaduras e só há 1 democracia liberal (EUA), sendo que o V-Dem, no seu relatório de 2025, incluiu também a África do Sul (que não vamos considerar aqui, pois deve ter sido um erro – na interpretação mais benévola). Segundo a The Economist Intelligence Unit, não há nenhuma democracia plena na lista.

INTRODUÇÃO

Por óbvio, a democracia não se aplica a regimes não-eleitorais e a regimes eleitorais autocráticos (pois seria uma contradição em termos: democracia é o oposto de autocracia).

Tomamos como referência para o presente estudo as classificações de regimes políticos das três mais conceituadas instituições que monitoram os regimes políticos no mundo: a The Economist Intelligence Unit (EIU), o Varieties of Democracy (V-Dem) e a Freedom House (FH).

O V-Dem classifica os regimes em quatro tipos: Liberal Democracy (Democracia Liberal), Electoral Democracy (Democracia Eleitoral), Electoral Autocracy (Autocracia Eleitoral) e Closed Autocracy (Autocracia Fechada). O regime brasileiro é classificado como Electoral Democracy. O V-Dem adota seis índices: Democracia Liberal (uma espécie de síntese, chamado LDI), Democracia Eleitoral, Componente Liberal, Componente Igualitário, Componente Participatório, Componente Deliberativo. Isso significa que, para o V-Dem, existem democracias não-liberais (que ele chama de democracias eleitorais), posto que, se fossem liberais, estariam na primeira categoria.

The Economist Intelligence Unit classifica os regimes em quatro tipos: Full Democracy (Democracia Plena), Flawed Democracy (Democracia Defeituosa), Hybrid Regime (Regime Híbrido) e Authoritarian Regime (Regime Autoritário). O regime brasileiro é classificado como Flawed Democracy. A EIU adota cinco índices: Processo Eleitoral e Pluralismo, Funcionamento do Governo, Participação Política, Cultura Política e Liberdades Civis.

A Freedom House classifica os regimes em três tipo: Free (Livres), Partly Free (Parcialmente Livres) e Not Free (Não Livres). Basicamente a FH adota dois índices: Direitos Políticos e Liberdades Civis.

Para começar seria interessante dizer onde, inequivocamente, a democracia funciona bem (como regime político instalado em Estados-nações, pois não vamos tratar aqui da democracia como modo-de-vida em não-países).

Vamos tomar como referência o cruzamento das democracias plenas (full democracies) da The Economist Intelligence Unit (EIU), segundo o relatório Democracy Index 2024 (intitulado “What’s wrong with representative democracy?”), com as democracias liberais (liberal democracies) do V-Dem, segundo o relatório V-Dem 2025 (intitulado “25 Years of Autocratization – Democracy Trumped?”). Obviamente, todos os países resultantes desse cruzamento, segundo o relatório Freedom in the World 2025 (intitulado “The uphill battle to safeguard rights”), da Freedom House (FH), são considerados livres (free countries). A lista resultante desse cruzamento, de 19 países, é a seguinte (em ordem alfabética):

  1. Alemanha
  2. Austrália
  3. Chequia
  4. Costa Rica
  5. Dinamarca
  6. Espanha
  7. Estônia
  8. Finlândia
  9. Holanda
  10. Irlanda
  11. Islândia
  12. Japão
  13. Luxemburgo
  14. Noruega
  15. Nova Zelândia
  16. Suécia
  17. Suíça
  18. Taiwan
  19. Uruguai

Consideramos, portanto, como países com regimes inequivocamente democráticos, onde a democracia funciona bem, os 19 países que são, simultaneamente, democracias plenas (EIU), democracias liberais (V-Dem) e livres (FH).

Isso não significa, entretanto, que apenas esses 19 países têm regimes que possam ser considerados democráticos. Se, em vez da interseção, considerarmos a conjunção das 25 democracias plenas (da EIU), com as 29 democracias liberais (do V-Dem), a lista resultante, de 34 países (excluída a África do Sul), seria mais abrangente:

  1. África do Sul
  2. Alemanha
  3. Australia
  4. Austria
  5. Barbados
  6. Bélgica
  7. Canadá
  8. Chequia
  9. Chile
  10. Costa Rica
  11. Dinamarca
  12. Espanha
  13. Estônia
  14. EUA
  15. Finlândia
  16. França
  17. Grécia
  18. Holanda
  19. Irlanda
  20. Islândia
  21. Itália
  22. Jamaica
  23. Japão
  24. Letônia
  25. Luxemburgo
  26. Maurício
  27. Noruega
  28. Nova Zelândia
  29. Portugal
  30. Reino Unido
  31. Seicheles
  32. Suécia
  33. Suíça
  34. Taiwan
  35. Uruguai

Claro que se incluirmos os 85 regimes livres (da FH), a lista ficaria imensa, mas os critérios da Freedom House são muito mais lassos, chegando a incluir, como livres, regimes híbridos (EIU), como a Romênia e democracias claramente não-liberais (V-Dem), talvez tendentes a virarem autocracias, como a Eslováquia. Então é melhor não.

1 – Democracia em sistemas de governo fortemente presidencialistas

O chamado “presidencialismo imperial” é um obstáculo ao bom funcionamento da democracia. É o que estamos vendo agora nos Estados Unidos sob um presidente que segue um plano de exacerbação da sua autoridade monocrática: Donald Trump.

Vejamos a lista de países com sistemas presidencialistas plenos (que exclui sistemas semipresidencialistas, como França e Portugal, onde há um primeiro-ministo com poderes significativos ao lado do presidente). A classificação dos regimes na lista abaixo é a do V-Dem 2025.

  1. Afeganistão – Sob o atual regime talibã, o sistema é presidencialista em estrutura, embora autoritário. Autocracia Fechada.
  2. Angola – Presidente eleito lidera o executivo. Autocracia Eleitoral.
  3. Argentina – Eleição direta do presidente desde 1853, com poderes executivos fortes. Democracia Eleitoral.
  4. Benim – Sistema presidencialista desde a transição democrática em 1991. Autocracia Eleitoral.
  5. Bolívia – Presidente eleito diretamente com amplo controle executivo. Democracia Eleitoral.
  6. Brasil – Presidencialismo adotado desde 1889, com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  7. Burundi – Presidente como chefe de Estado e governo, eleito diretamente. Autocracia Eleitoral.
  8. Camarões – Sistema presidencialista com forte centralização no presidente. Autocracia Eleitoral.
  9. Chade – Presidente domina o executivo, eleito por voto popular. Autocracia Eleitoral.
  10. Chile – Presidencialismo com eleição direta desde o século XIX. Democracia Liberal.
  11. Colômbia – Sistema presidencialista consolidado desde 1886. Democracia Eleitoral.
  12. Comores – Presidente eleito diretamente como líder do executivo. Autocracia Eleitoral.
  13. Congo, República do – Sistema presidencialista com eleição direta. Autocracia
  14. Congo, República Democrática do – Presidente como chefe de Estado e governo. Autocracia Eleitoral.
  15. Coreia do Sul – Presidencialismo desde 1948, com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  16. Costa Rica – Um dos presidencialismos mais antigos e estáveis das Américas. Democracia Liberal.
  17. Costa do Marfim – Presidente eleito diretamente com poderes executivos. Autocracia Eleitoral.
  18. Chipre – Sistema presidencialista pleno, sem primeiro-ministro. Democracia Eleitoral.
  19. Djibouti – Presidente domina o governo, eleito pelo povo. Autocracia Fechada.
  20. Dominicana, República – Presidencialismo com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  21. El Salvador – Presidente como chefe de Estado e governo. Autocracia Eleitoral.
  22. Equador – Sistema presidencialista com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  23. Estados Unidos – Modelo clássico de presidencialismo desde 1787. Democracia Liberal.
  24. Filipinas – Inspirado no modelo americano, com eleição direta. Autocracia Eleitoral.
  25. Gabão – Presidente eleito com forte controle executivo. Autocracia Fechada.
  26. Gâmbia – Sistema presidencialista desde a independência. Democracia Eleitoral.
  27. Gana – Presidencialismo adotado na transição democrática dos anos 1990. Democracia Eleitoral.
  28. Guatemala – Presidente eleito diretamente como líder do executivo. Democracia Eleitoral.
  29. Guiné – Sistema presidencialista, embora com instabilidade política. Autocracia Fechada.
  30. Guiné-Bissau – Presidente como chefe de Estado e governo. Autocracia Eleitoral.
  31. Guiné Equatorial – Presidencialismo autoritário com eleição formal. Autocracia Eleitoral.
  32. Haiti – Sistema presidencialista, apesar de crises frequentes. Autocracia Fechada.
  33. Honduras – Presidente eleito diretamente com poderes executivos. Democracia Eleitoral.
  34. Indonésia – Presidencialismo pleno desde reformas pós-1998. Autocracia Eleitoral.
  35. Irã – Presidencialismo combinado com teocracia; presidente eleito diretamente. Autocracia Eleitoral.
  36. Quênia – Sistema presidencialista consolidado desde 2010. Democracia Eleitoral.
  37. Libéria – Presidencialismo inspirado no modelo americano. Democracia Eleitoral.
  38. Malawi – Presidente eleito como chefe de Estado e governo. Democracia Eleitoral.
  39. Maldivas – Sistema presidencialista com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  40. México – Presidencialismo desde o século XIX, com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  41. Moçambique – Presidente como líder do executivo, eleito diretamente. Autocracia Eleitoral.
  42. Namíbia – Sistema presidencialista desde a independência em 1990. Democracia Eleitoral.
  43. Nicarágua – Presidente eleito com forte controle executivo. Autocracia
  44. Nigéria – Presidencialismo federal com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  45. Palau – Sistema presidencialista inspirado nos EUA.
  46. Panamá – Presidente como chefe de Estado e governo. Democracia Eleitoral.
  47. Paraguai – Presidencialismo com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  48. Peru – Sistema presidencialista com histórico de instabilidade. Democracia Eleitoral.
  49. Ruanda – Presidente domina o executivo, eleito pelo povo. Autocracia Eleitoral.
  50. Seichelles – Presidencialismo com eleição direta. Democracia Liberal.
  51. Serra Leoa – Sistema presidencialista desde a independência. Autocracia Eleitoral.
  52. Sri Lanka – Presidencialismo pleno desde a constituição de 1978. Democracia Eleitoral.
  53. Sudão – Sistema presidencialista, embora com forte influência militar. Autocracia Fechada.
  54. Sudão do Sul – Presidente como chefe de Estado e governo. Autocracia Fechada.
  55. Suriname – Presidencialismo com eleição indireta pelo legislativo. Democracia Eleitoral.
  56. Tajiquistão – Sistema presidencialista com características autoritárias. Autocracia Eleitoral.
  57. Tanzânia – Presidente eleito diretamente como líder do executivo. Autocracia Eleitoral.
  58. Togo – Presidencialismo com eleição direta, mas autoritário. Autocracia Eleitoral.
  59. Turcomenistão – Presidencialismo fortemente centralizado. Autocracia Fechada.
  60. Uganda – Presidente como chefe de Estado e governo. Autocracia Eleitoral.
  61. Uruguai – Sistema presidencialista com eleição direta. Democracia Liberal.
  62. Uzbequistão – Presidencialismo autoritário com eleição formal. Autocracia Fechada.
  63. Venezuela – Presidencialismo com eleição direta, mas contestado. Autocracia Eleitoral.
  64. Zâmbia – Sistema presidencialista com eleição direta. Democracia Eleitoral.
  65. Zimbábue – Presidente como chefe de Estado e governo. Autocracia Eleitoral.

A primeira evidência é que a maioria dos países com sistemas de governo presidencialistas plenos é composta por autocracias. A segunda evidência da lista acima é que nela só há duas democracias plenas (EIU): Costa Rica e Uruguai (o que corresponde a 3%); e só há cinco regimes considerados (pelo V-Dem) democracias liberais: Chile, Costa Rica, EUA, Seicheles e Uruguai (o que dá 7,7%).

2 – Democracia em países muito grandes

Países muito grandes, com mais de 100 milhões de habitantes, não constituem bons ambientes para o funcionamento de regimes democráticos.

Na lista de todos (os dezesseis) países com mais de 100 milhões de habitantes só temos uma democracia plena (segundo a EIU): o Japão. Nessa lista só temos duas democracias liberais (segundo o V-Dem): os EUA e o Japão. A maioria esmagadora é de ditaduras.

Examinemos os regimes políticos desses países grandes (considerando as classificações do V-Dem e da The Economist Intelligence Unit):

  1. India 1,450,935,791 – Autocracia Eleitoral | Democracia Defeituosa.
  2. China 1,419,321,278 – Autocracia Fechada | Regime Autoritário.
  3. Estados Unidos 345,426,571 – Democracia Liberal | Democracia Defeituosa.
  4. Indonésia 283,487,931 – Autocracia Eleitoral | Democracia Defeituosa.
  5. Paquistão 251,269,164 – Autocracia Eleitoral | Regime Autoritário.
  6. Nigéria 232,679,478 – Autocracia Eleitoral | Regime Híbrido.
  7. Brasil 211,998,573 – Democracia Eleitoral | Democracia Defeituosa.
  8. Bangladesh 173,562,364 – Autocracia Eleitoral | Regime Híbrido.
  9. Russia 144,820,423 – Autocracia Eleitoral | Regime Autoritário.
  10. Etiópia 132,059,767 – Autocracia Eleitoral | Regime Autoritário.
  11. México 130,861,007 – Democracia Eleitoral | Regime Híbrido.
  12. Japão 123,753,041 – Democracia Liberal | Democracia Plena.
  13. Egito 116,538,258 – Autocracia Eleitoral | Regime Autoritário.
  14. Filipinas 115,843,670 – Autocracia Eleitoral | Democracia Defeituosa.
  15. DR Congo 109,276,265 – Autocracia Eleitoral | Regime Autoritário.
  16. Vietnam 100,987,686 – Autocracia Fechada | Regime Autoritário.

Mas há ainda os países que crescem mais. Todos eles são ambientes desfavoráveis à democracia (e também ao desenvolvimento humano e social). Vejamos, na imagem abaixo, as previsões de crescimento para 2050 e 2100.

A chart of the country's number

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Entre os países cuja população vai crescer mais até 2100, temos Paquistão, Nigéria, Congo, Etiópia, Tanzania, Angola e Sudão – uma clara predominância de autocracias.

3 – Democracia em países cujas populações são majoritariamente fundamentalistas religiosas

Eis a lista dos 48 países cuja população é majoritariamente muçulmana e 1 país (Myanmar) cuja maioria da população é budista (theravada) com traços significativos de intolerância às demais religiões. Advirta-se que ser muçulmano não significa necessariamente ser fundamentalista ou intolerante com outras crenças: por exemplo, na Malásia há mais pluralismo do que na Mauritânia. A Índia não foi incluída na lista, mas o crescimento do hinduísmo Hindutva e de grupos como o RSS e BJP, sob o governo nacional-populista de Narendra Modi – que tenta emplacar seu projeto mítico e autocrático Bharat -, tem fortes traços fundamentalistas.

  1. Afeganistão: Quase 99,7% da população é muçulmana, majoritariamente sunita, com uma minoria xiita. Autocracia Fechada.
  2. Albânia: Aproximadamente 58-60% são muçulmanos, predominantemente sunitas, com uma minoria bektashi. Democracia Eleitoral.
  3. Arábia Saudita: Cerca de 97-99% da população é muçulmana, majoritariamente sunita (wahhabita), com uma minoria xiita. Autocracia Fechada.
  4. Argélia: Cerca de 99% são muçulmanos sunitas, com pequenas minorias xiitas e ibaditas. Autocracia Eleitoral.
  5. Azerbaijão: Cerca de 96% são muçulmanos, majoritariamente xiitas, com uma minoria sunita. Autocracia Eleitoral.
  6. Bahrein: Aproximadamente 70-75% são muçulmanos, com uma maioria xiita e uma minoria sunita. Autocracia Fechada.
  7. Bangladesh: Cerca de 90% são muçulmanos, predominantemente sunitas. Autocracia Eleitoral.
  8. Brunei: Aproximadamente 80-82% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  9. Burkina Faso: Cerca de 60-62% são muçulmanos, majoritariamente sunitas. Autocracia Fechada.
  10. Cazaquistão: Aproximadamente 70% são muçulmanos, predominantemente sunitas. Autocracia Eleitoral.
  11. Chade: Cerca de 55-58% são muçulmanos, majoritariamente sunitas, com minorias xiitas. Autocracia Eleitoral.
  12. Comores: Quase 98% são muçulmanos sunitas. Autocracia Eleitoral.
  13. Djibouti: Aproximadamente 97% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  14. Egito: Cerca de 90% são muçulmanos, majoritariamente sunitas, com uma minoria copta cristã. Autocracia Eleitoral.
  15. Emirados Árabes Unidos: Cerca de 76% são muçulmanos, predominantemente sunitas, com uma minoria xiita. Autocracia Fechada.
  16. Gâmbia: Aproximadamente 95% são muçulmanos sunitas. Democracia Eleitoral.
  17. Guiné: Cerca de 85% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  18. Guiné-Bissau: Aproximadamente 50-55% são muçulmanos sunitas, com uma população religiosa diversa. Autocracia Eleitoral.
  19. Indonésia: Cerca de 87% são muçulmanos, majoritariamente sunitas, o maior país muçulmano em população. Autocracia Eleitoral.
  20. Irã: Quase 99% são muçulmanos, com cerca de 90-95% xiitas e 5-10% sunitas. Autocracia Eleitoral.
  21. Iraque: Aproximadamente 97% são muçulmanos, com cerca de 60-65% xiitas e 32-37% sunitas. Autocracia Eleitoral.
  22. Jordânia: Cerca de 97% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  23. Kuwait: Aproximadamente 75% são muçulmanos, com uma divisão entre sunitas (maioria) e xiitas. Autocracia Fechada.
  24. Líbano: Cerca de 60% são muçulkanos, divididos quase igualmente entre sunitas e xiitas. Autocracia Fechada.
  25. Líbia: Quase 97% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  26. Malásia: Cerca de 61% são muçulmanos sunitas. Democracia Eleitoral.
  27. Maldivas: Praticamente 100% são muçulmanos sunitas, com a cidadania restrita a muçulmanos. Democracia Eleitoral.
  28. Mali: Aproximadamente 94% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  29. Marrocos: Cerca de 99% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  30. Mauritânia: Quase 100% são muçulmanos sunitas. Autocracia Eleitoral.
  31. Níger: Cerca de 99% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  32. Myanmar: Mais de 80% da população é budista. Autocracia Fechada.
  33. Nigéria: Aproximadamente 50-53% são muçulmanos, majoritariamente sunitas, com minorias xiitas (estimativas variam devido à população dividida com cristãos). Democracia Eleitoral.
  34. Omã: Cerca de 86% são muçulmanos, com uma maioria ibadita, além de sunitas e xiitas. Autocracia Fechada.
  35. Paquistão: Aproximadamente 96-97% são muçulmanos, com cerca de 80% sunitas e 15-20% xiitas. Autocracia Eleitoral.
  36. Palestina (Cisjordânia e Gaza): Cerca de 98% são muçulmanos sunitas. Autocracia Eleitoral e Autocracia Fechada.
  37. Qatar: Aproximadamente 68-70% são muçulmanos, majoritariamente sunitas, com uma minoria xiita. Autocracia Fechada.
  38. Quirguistão: Cerca de 88% são muçulmanos sunitas. Autocracia Eleitoral.
  39. Senegal: Aproximadamente 96% são muçulmanos sunitas. Democracia Eleitoral.
  40. Serra Leoa: Cerca de 78% são muçulmanos sunitas. Autocracia Eleitoral.
  41. Somália: Quase 99% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  42. Sudão: Cerca de 97% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  43. Síria: Aproximadamente 87% são muçulmanos, com cerca de 74% sunitas e 13% alauitas/xiitas. Autocracia Fechada.
  44. Tadjiquistão: Cerca de 96% são muçulmanos, majoritariamente sunitas, com uma minoria ismaelita. Autocracia Eleitoral.
  45. Tunísia: Quase 99% são muçulmanos sunitas. Autocracia Eleitoral.
  46. Turcomenistão: Aproximadamente 93% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  47. Turquia: Cerca de 98% são muçulmanos, predominantemente sunitas, com uma minoria alevita. Autocracia Eleitoral.
  48. Uzbequistão: Aproximadamente 88% são muçulmanos sunitas. Autocracia Fechada.
  49. Iêmen: Quase 99% são muçulmanos, com cerca de 65% sunitas e 35% xiitas (principalmente zaiditas). Autocracia Fechada.

Se usarmos a classificação do V-Dem, de 48 países de maioria islâmica só escapam quatro que não têm regimes autocráticos: Albânia, Gâmbia, Nigéria, Senegal (sendo que na Nigéria a população muçulmana é pouco mais de 50%). Claro que não há nenhuma democracia liberal ou plena. Mais de 90% (91,6%) são ditaduras (autocracias eleitorais ou autocracias fechadas). Myanmar, por sua vez, também é uma autocracia fechada.

4 – Democracia em países em guerra

Países em guerra (ou estado de guerra prolongado, mesmo que sem derramamento de sangue) não são bons ambientes para a democracia. Os dois exemplos mais recentes são a Ucrânia (que depois de ter sido invadida pela Rússia decaiu de democracia eleitoral para autocracia eleitoral) e Israel (que era democracia liberal antes da guerra em Gaza e agora virou democracia apenas eleitoral) – tudo segundo o V-Dem.

Eis a lista dos 51 países em guerra (considerando conflitos armados com mais de mil mortes anuais ou crises humanitárias graves) ou estado de guerra persistente. Desses, 41 são autocracias (ou seja, mais de 80%). Só há uma democracia liberal (V-Dem): os Estados Unidos. Não há nenhuma democracia plena (EIU).

  1. Afeganistão: Guerra civil e insurgência terrorista | Autocracia Fechada.
  2. Argélia: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  3. Bangladesh: Crise de governança e conflitos civis. | Autocracia Eleitoral.
  4. Benim: Insurgência terrorista. | Autocracia (sem classificação V-Dem).
  5. Burkina Faso: Insurgência terrorista. | Autocracia Fechada.
  6. Camarões: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  7. Chade: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  8. China: Preparação para invasão e anexação de Taiwan e disputas no Mar do Sul da China. | Autocracia Fechada.
  9. Colômbia: Guerra civil e guerra contra o narcotráfico. | Democracia Eleitoral.
  10. Coreia do Norte: Tensões com os EUA e testes de armas. | Autocracia Fechada.
  11. Costa do Marfim: Insurgência terrorista. | Autocracia Fechada.
  12. Equador: Conflito civil e guerra contra gangues. | Democracia Eleitoral.
  13. Estados Unidos: Ameaças de violação da soberania territorial da Groelândia (Dinamarca) e do Panamá (Canal). Ameaça de bombardeio ao Irã. Ameaça de expulsão da população palestina de Gaza e de anexação (ou apropriação) da Faixa. Guerra direta contra o Iêmem (Houthis). Guerra comercial global contra o mundo exterior, em especial contra as nações democráticas e contra algumas ditaduras, sobretudo a da China (mas não contra as ditaduras da Rússia, Bielorrússia, Coreia do Norte, Cuba). | Democracia Liberal.
  14. Etiópia: Conflitos étnicos e políticos. | Autocracia Eleitoral.
  15. Filipinas: Disputas no Mar do Sul da China. | Autocracia Eleitoral.
  16. Gana: Insurgência terrorista. | Democracia Eleitoral.
  17. Haiti: Guerra civil e violência de gangues. | Autocracia Fechada.
  18. Iêmen: Guerra civil. Guerra contra Israel e EUA (Houthis) | Autocracia Fechada.
  19. Índia: Conflito em Kashmir. | Autocracia Eleitoral.
  20. Irã: Guerra contra Israel por meio de uma dúzia de organizações terroristas coordenadas pela IRGC. Netwar contra o mundo democrático, sobretudo os EUA. | Autocracia Eleitoral
  21. Iraque: Insurgência terrorista e instabilidade política. | Autocracia Eleitoral.
  22. Israel: Guerra contra o Irã e seus braços terroristas na Palestina (Hamas e Jihad Islâmica), no Líbano (Hezbollah), no Iraque, na Síria, no Iêmem (Houthis). Guerra aberta contra Gaza e estado de guerra com Cisjordânia.
  23. Líbano: Conflitos com Israel e instabilidade interna. | Democracia eleitoral (Decaiu de democracia liberal após o início da guerra em Gaza).
  24. Líbia: Insurgência terrorista e conflitos entre facções. | Autocracia Fechada.
  25. Mali: Insurgência terrorista. | Autocracia Fechada.
  26. Marrocos: Insurgência terrorista. | Autocracia Fechada.
  27. Mauritânia: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  28. México: Guerra contra o narcotráfico. | Democracia Eleitoral.
  29. Moçambique: Guerra civil. | Autocracia Eleitoral.
  30. Moldávia: Tensões com a Rússia. | Democracia Eleitoral.
  31. Myanmar: Guerra civil. | Autocracia Fechada.
  32. Níger: Insurgência terrorista. | Autocracia Fechada.
  33. Nigéria: Insurgência terrorista. | Democracia Eleitoral.
  34. Palestina (Gaza): Guerra aberta contra Israel | Autocracia Fechada.
  35. Palestina (Cisjordânia): Estado de guerra com Israel. | Autocracia Eleitoral.
  36. Paquistão: Conflitos com o Afeganistão e instabilidade interna. | Autocracia Eleitoral
  37. República Centro-Africana: Guerra civil. | Autocracia Fechada.
  38. República Democrática do Congo: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  39. Rússia: Guerra contra a Ucrânia. Ameaça de invasão da Polônia, da Estônia, da Letônia, da Lituânia, da Moldávia, da Georgia, da Finlândia e até da Suécia. Liderança da netwar global contra o mundo democrático. | Autocracia Eleitoral.
  40. Sérvia: Tensões com o Kosovo. | Autocracia Eleitoral.
  41. Síria: Guerra civil e intervenções externas. | Autocracia Fechada.
  42. Somália: Guerra contra o Al-Shabaab. | Autocracia Fechada.
  43. Sudão do Sul: Violência étnica e conflitos políticos. | Autocracia Fechada.
  44. Sudão: Guerra civil. | Autocracia Fechada.
  45. Tanzânia: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  46. Togo: Insurgência terrorista.| Autocracia Eleitoral.
  47. Tunísia: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  48. Turquia: Conflitos com grupos curdos e vizinhos. | Autocracia Eleitoral.
  49. Ucrânia: Guerra com a Rússia. | Autocracia Eleitoral (decaiu de Democracia Eleitoral após o início da guerra).
  50. Uganda: Insurgência terrorista. | Autocracia Eleitoral.
  51. Venezuela: Instabilidade política e crise de refugiados. Ameaça de violação da soberania territorial da Guiana (Essequibo). | Autocracia Eleitoral.

Aqui há um conhecimento importante corroborado pela presente investigação: o de que autocracia é guerra (ou vice-versa). Dos 51 países hoje em guerra fria ou quente (considerando conflitos armados com mais de mil mortes anuais ou crises humanitárias graves), 41 são autocracias (ou seja, mais de 80%).

5 – Democracia em regimes eleitorais parasitados por governos populistas

Não há nenhuma base de dados onde seja possível identificar regimes eleitorais parasitados por populismos (inclusive porque não há consenso entre os pesquisadores sobre o que significa populismo e sobre quais os seus tipos). Eis uma lista (parcial) de 21 países com regimes eleitorais parasitados por governos populistas, sejam neopopulistas (ditos de esquerda), sejam populistas-autoritários ou nacional-populistas (ditos de direita ou extrema-direita) com os nomes de seus respectivos governantes atuais. A classificação dos regimes é a do V-Dem.

  1. África do Sul | Democracia Liberal? | Governo neopopulista (Ramaphosa).
  2. Angola | Autocracia Eleitoral | Governo neopopulista (Lourenço).
  3. Argentina | Democracia Eleitoral | Governo populista (Milei).
  4. Bielorrússia | Autocracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Lukashenko).
  5. Bolívia | Democracia Eleitoral | Governo neopopulista (Evo e Arce).
  6. Brasil | Democracia Eleitoral | Governo neopopulista (Lula).
  7. Colômbia | Democracia Eleitoral | Governo neopopulista (Petro).
  8. El Salvador | Autocracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Bukele).
  9. Eslováquia | Democracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Fico).
  10. Estados Unidos | Democracia Liberal | Governo populista-autoritário (Trump).
  11. Honduras | Democracia Eleitoral | Governo neopopulista (Manuel e Xiomara Zelaya).
  12. Hungria | Autocracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Orbán).
  13. Índia | Autocracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Modi).
  14. Indonésia | Autocracia Eleitoral | Governo neopopulista (Subianto).
  15. Itália | Democracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Salvini e Meloni).
  16. Israel | Democracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Netanyahu).
  17. México | Democracia Eleitoral | Governo neopopulista (Obrador e Sheinbaum).
  18. Nicarágua | Autocracia Eleitoral | Governo neopopulista (Ortega e Murillo).
  19. Rússia | Autocracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Putin).
  20. Turquia | Autocracia Eleitoral | Governo populista-autoritário (Erdogan).
  21. Venezuela | Autocracia Eleitoral | Governo neopopulista (Maduro).

Na lista acima temos 10 governos neopopulistas e 10 governos populistas-autoritários, sendo que 1 ainda não se enquadra bem nas duas categorias (o governo da Argentina). Da lista inteira a metade é de ditaduras e só há 1 democracia liberal (EUA), sendo que o V-Dem, no seu relatório de 2025, incluiu também a África do Sul (o que deve ser um erro). Segundo a The Economist Intelligence Unit, não há nenhuma democracia plena na lista.

Mas há ainda, pelo menos, 9 países com oposições populistas mais relevantes: 1 com oposição neopopulista e 8 com oposições populistas-autoritárias (ou nacional-populistas). Eis uma lista (parcial) com os nomes de seus principais líderes oposicionistas:

  1. Alemanha | Oposição populista-autoritária (Chrupalla e Weidel).
  2. Brasil | Oposição populista-autoritária (Bolsonaro).
  3. Equador | Oposição neopopulista (Luísa González e Rafael Correa).
  4. Espanha | Oposição populista-autoritária (Abascal).
  5. Finlândia | Oposição populista-autoritária (Purra).
  6. França | Oposição populista-autoritária (Le Pen e Bardella).
  7. Holanda | Oposição populista-autoritária (Wilders).
  8. Portugal | Oposição populista-autoritária (Ventura).
  9. Reino Unido | Oposição populista-autoritária (Farage).

CONCLUSÃO

Em breve. Aguardando reações dos leitores.