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Qual é, afinal, o lado de Lula na invasão da Ucrânia?

Falta clareza no posicionamento internacional do presidente Lula, e o país merece essa clareza. Lula frequentemente afirma que seu único lado na guerra da Ucrânia é a paz, mas suas ações e discursos indicam outra coisa. Ele repete os mesmos argumentos dos aliados de Vladimir Putin, sem nunca responsabilizar diretamente o líder russo pelas atrocidades cometidas, principalmente contra civis.

Lula evita se posicionar contra Putin, nunca chama a invasão de invasão, e trata a guerra como se houvesse dois lados igualmente válidos, ignorando que um lado está invadindo um território sem justificativa. A tradição diplomática do Brasil sempre foi de neutralidade, sendo reconhecido como um país que pode comandar forças de paz. Agora, Lula parece desviar dessa trajetória, sem admitir claramente suas intenções.

O Brasil historicamente não se posiciona de um lado ou de outro em conflitos internacionais, mantendo uma postura de neutralidade. No entanto, Lula não está sendo transparente se pretende mudar essa postura.

No caso da Ucrânia, Lula se posiciona de forma semelhante aos aliados de Putin, ignorando sanções do Tribunal Penal Internacional contra o líder russo. Putin foi condenado por genocídio na Ucrânia por subtrair crianças ucranianas de suas famílias para serem criadas por famílias russas – uma forma de genocídio reconhecida internacionalmente. Lula, no entanto, fala sobre apoiar queixas de genocídio contra Israel, mas nunca chama Putin de genocida.

A postura do governo Lula precisa ser mais clara em relação aos planos internacionais para o Brasil. Lula está se aliando a ditaduras como a Rússia, China e Irã, ao mesmo tempo em que faz um discurso progressista internamente. Essa incongruência precisa ser resolvida. O que será feito? O que é dito no discurso é para acalmar progressistas, ou estamos realmente nos alinhando a blocos geopolíticos que não prezam pelos direitos humanos?

O presidente Lula precisa ser claro sobre isso, pois sua ambiguidade está se arrastando tanto que parece proposital. O Brasil merece saber qual é o verdadeiro posicionamento de seu líder na arena internacional.

Rússia e Coréia do Norte: Muito mais que uma limousine

A recente visita do presidente russo Vladimir Putin à Coréia do Norte foi marcada entre outras coisas pelo presente dado por Putin ao ditador norte-coreano, uma limousine de luxo baseada no Aurus Senat, uma alternativa russa aos modelos fabricados pela britânica Rolls Royce.

O automóvel que os socialistas mais dedicados chamariam de símbolo de decadência burguesa chama atenção pelo luxo e pelo elevado preço que acompanha, mas simboliza muito mais que isso.  O poderoso motor tipo V8, com consumo elevado de combustível, nos lembra da ineficácia das sanções econômicas em vigor contra Rússia e Coréia Norte que não impedem o comércio de combustível entre essas nações.

O modelo presenteado por Putin é um veículo com modernas tecnologias embarcadas, no momento essas tecnologias têm sido usadas como forma de pagamento pelas munições e armas que a Coréia de Norte tem fornecido a Rússia. A indústria bélica russa não tem conseguido sustentar o volume de munição sendo usado diariamente na Ucrânia pelas forças russas.

A guerra na Ucrânia se tornou uma oportunidade para o governo da Coréia do Norte conseguir uma parceria mais robusta com a Rússia, que por seu isolamento não pode recusar. Além de servir para a ditadura norte-coreana ter um pouco mais de liberdade de ação e menos controle chinês de suas ambições.

A visita de Putin marcou a assinatura de um acordo de defesa mútua entre os dois países. Os detalhes desse acordo, ainda não são totalmente conhecidos e com certeza é um elemento complicador da política na Ásia, sobretudo, na península coreana. E internamente mostra ao politburo norte-coreano que o Kim Jong Un é um líder capaz de aumentar a segurança e o prestígio do país, solidificando ainda mais sua posição nas opacas disputas de poder internas.

Esse acordo tem como benefício secundário para a Rússia que é dar mais credibilidade às ameaças diante do fornecimento de armas para a Ucrânia, por parte da Coréia do Sul, o que pode minar planos europeus de incluir a tecnologia do país asiático no teatro de operações da Ucrânia.

Para os norte-coreanos o carro é uma demonstração clara que as relações entre Putin e Kim Jong Un são especiais e fortes. E uma demonstração que a Coréia do Norte é agora o parceiro que tem que ser seduzido pelo aliado, revertendo os velhos padrões de relacionamentos estabelecidos desde os tempos soviéticos.

Segundo especialistas no mercado de automóveis de luxo estará em breve disponível para os compradores russos, claro que é preciso ser um dos oligarcas para acessar um veículo como esse os números apontam para apenas 31 desses veículos tendo sido comercializados desde 2022. Os planos de expansão da marca no mercado europeu foram inviabilizados pela guerra na Ucrânia.

Não é difícil de imaginar que no fundo das mentes dos executivos da fabricante de carros que eles preferiam que a tecnologia russa enviada em massa para europa fosse mais pacífica e incluísse seus belos carros de luxo. Não é difícil de imaginar, também que não veja a Coreia do Norte como um mercado capaz de substituir as potenciais vendas na Europa. Não imagino, contudo, esses executivos vocalizando essas frustrações, afinal a sede da Aurus deve ter muitas janelas.

O que esperar do Parlamento Europeu após a vitória da direita

A recente eleição para o Parlamento Europeu, realizada no último final de semana, trouxe resultados que merecem atenção. A centro-direita conquistou 186 assentos das 720 cadeiras disponíveis, enquanto o grupo social-democrata ficou com 133 cadeiras e os liberais garantiram 82 assentos. A extrema-direita também surpreendeu: o grupo de Giorgia Meloni conquistou 60 cadeiras, e o grupo de Marine Le Pen deve chegar a 70 assentos, 8 a mais do que tinha anteriormente.

Essa configuração política no Parlamento Europeu reflete um fenômeno interessante. A centro-direita, os liberais e os sociais-democratas, juntos, formam uma maioria que não depende dos extremos. No entanto, a presença significativa da extrema-direita levanta questões sobre o futuro do parlamento e as possíveis influências nas políticas europeias.

As pessoas na Europa estão ansiosas por respostas a problemas reais que as afligem. A questão da economia, com salários encolhendo em lugares como a Alemanha, e a reforma da previdência na França, que gerou insatisfação generalizada, são exemplos disso. Além disso, as guerras, como a da Ucrânia, afetam a matriz energética da Europa e a dinâmica econômica, aumentando a reticência da população. A guerra em Israel e a ameaça do terrorismo também são fontes de preocupação.

A imigração é outro fator crítico. Ela traz mão de obra mais barata em um momento em que os europeus querem ganhar mais, gerando inevitavelmente confronto. As guerras na África e no Oriente Médio, juntamente com o terrorismo, forçam muitas pessoas a buscar asilo na Europa, aumentando a pressão sobre o continente. Aqueles que buscam asilo político, vítimas de terrorismo ou que estão em busca de uma vida melhor, todos se somam à complexidade da situação.

A esquerda europeia, que antes apresentava soluções concretas para a vida dos cidadãos, hoje parece perdida em batalhas imaginárias. Foco em controle de linguagem, patrulhamento de redes sociais e instrumentalização do vocabulário substituíram ações concretas. Antigamente, a esquerda era contra a publicidade por considerá-la manipuladora. Hoje, reivindica o direito de controlar o casting das propagandas, mostrando como se transformou em um movimento que entrega resultados imaginários.

A grande questão na Europa agora é: essa coalizão de centro-direita, liberais e sociais-democratas conseguirá conter os extremos, ou os extremos vão conquistar corações e mentes, mesmo na Europa, que não é tão polarizada quanto os Estados Unidos e o Brasil? É uma questão para observarmos atentamente.